Preferências ideológicas e jornalismo tribal
Talvez mais interessante do que entender as razões pelas quais as recentes manifestações eclodiram no país é tentar entender as reações das pessoas perante os fatos. Tão neutro e imparcial quanto consigo ser, eis o que penso ser incontestável: um grupo chamado “Movimento Passe Livre”, insatisfeito com o aumento de preço das passagens de ônibus no município de São Paulo, organizou uma manifestação exigindo, entre outros temas ligados ao transporte, a extinção do aumento. A Polícia Militar do estado, então, reprimiu os manifestantes. Mais por solidariedade aos manifestantes reprimidos do que por qualquer outra razão, manifestações começaram a acontecer em outras cidades do país. Estas, inicialmente, tinham a mesma pauta dos protestos paulistanos.
Vê-se, de passagem, a notável burrice do comando da Polícia Militar, que conseguiu tornar uma manifestação corriqueira em algo de dimensões históricas. No entanto, podemos absolver o comando da polícia de uma eventual acusação de ter conseguido esse feito de propósito, pois a não menos notável incompetência que vigora em boa parte das instituições públicas do país impede que quase todas as ações planejadas sejam plenamente bem sucedidas. No caso, a adequação dos meios aos fins foi perfeita demais para ter sido pensada pelos oficiais de gabinete que ocupam os cargos de comando.
Com o passar dos dias, as manifestações espalhadas pelo país não tinham mais uma pauta clara, já que o problema das tarifas de ônibus havia se diluído entre outras reivindicações. E foi mais ou menos nessa altura que as ilusões se propagaram. Várias pessoas passaram a emitir sobre os fatos opiniões segundo as próprias preferências ideológicas. Isso chegou a um ponto tal que rapidamente as várias versões oferecidas tornaram-se incompatíveis entre si. Embora não pretenda fazer de uma observação pessoal um dado com validade estatística, uma olhada rápida no que as pessoas que conheço diziam nas redes sociais foi o suficiente para concluir que virtualmente todas as opiniões dadas e compartilhamentos feitos foram o que seria de se esperar dessas pessoas, dadas as suas preferências.
Para ler o texto completo de Aluízio Couto clique aqui
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