Nos caminhos da arte
Às vezes, certas fotos exigem explicações
longas para entendermos exatamente o que está acontecendo na imagem. Outras
vezes, porém, elas não exigem uma única palavra para reunirmos o que está
acontecendo. Encontrará 50 dessas fotos que falam mais do que mil palavras
clicando aqui
No mundo da arte hiperrealista, artistas talentosos como
Marcello Barenghi se esforçam para fazer pinturas tão realistas que parecem
mais realistas do que os eventos reais que retratam. Neste vídeo, convidamos
você a testemunhar o incrível uso de luz e sombra de Marcello, enquanto ele
captura o espírito de seus súditos com tanta precisão que eles quase parecem
ganhar vida. Assista clicando aqui
Prezados
membros do Comitê do Nobel,
No próximo
dia 5, vocês anunciarão a nova ou o novo vencedor do prêmio Nobel de
Literatura. Desde 1901, muitos dos escolhidos fazem parte da história da
humanidade. Homens e mulheres que moldaram a forma pela qual pensamos o
passado, lidamos com o presente e sonhamos com o futuro.
Há um
ano e depois do prêmio mais que merecido dado para a francesa Anne Erneaux,
escrevi pedindo que suas escolhas sejam descolonizadas. Agora, insisto: vocês
têm um papel fundamental em lutar contra a história única e em transformar a
vida de milhões de leitores do que vocês chamam de periferia do mundo.
Mas,
para isso, precisam reconhecer a universalidade da arte e romper paradigmas que
limitaram a compreensão do ser humano.
Em mais de um
século, o que prevalece nas escolhas de vocês é uma visão eurocêntrica da
literatura e, no fundo, da civilização. Iniciado em 1901, o prêmio apenas saiu
da Europa em 1913, quando o vencedor foi um indiano. Foi só em 1930 que um
segundo prêmio saiu da Europa. Neste caso, ao americano Sinclair Lewis.
Foram
necessários mais 15 anos para que, de novo, o Nobel considerasse que a
literatura de fora da Europa era merecedora de um prêmio. É verdade que, nos
últimos anos, os escolhidos incluiram Turquia, Peru ou Tanzania.
Mas é
muito pouco. Até hoje, 15 franceses venceram o prêmio, contra 10 para o Reino
Unido e outros 10 para americanos. Alemães e suecos venceram oito prêmios cada.
Salvo o caso dos EUA, todos os dez primeiros colocados em termos de
nacionalidades são europeus.
Juntos, essas
nacionalidades representam mais da metade de todos aqueles que venceram o
prêmio. Se não bastasse, o ex-responsável do comitê, Horace Engdahl, abriu uma
polêmica há alguns anos quando declarou que a "Europa ainda é o centro do
mundo literário".
A
literatura é, para além do idioma escolhido, uma expressão universal. Ela não
conta apenas a história de um povo. Mas da natureza humana. Desperta paixões,
destapa emoções escondidas, sem qualquer fronteira, padrão ou dicionário.
Criar
qualquer tipo de hierarquia é negar o fato de que a arte nos define como
humanos. É pela arte que conhecemos nossos ancestrais, refletidos em muros de
cavernas, em papiros ou em obras que ainda estão sendo desenterradas.
Ao descrever
quem receberia o prêmio, Alfred Bernhard Nobel explicou que a honraria deveria
ir àquele que deu "maior benefício para a humanidade".
Pergunto,
portanto, quem faz parte da humanidade para os senhores?
Dia 5
de outubro saberemos.
Saudações
democráticas,
Jamil Chade
Fonte: UOL, 30/09/2023
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