"Lágrima de Sol" - Adão Cruz
Lágrima de Sol
O sol vem sempre
o sol não mente
ou vermelho e quente
queimando a sede
e roendo a fome
de tanta gente inocente
ou pálido e frio
congelando a sede
e empedrando a fome
ainda que a gente o não veja
e pareça ausente.
E também o deserto
o deserto não mente
o deserto sempre aberto
na alma desta gente
ainda que pareça certo
o caminho em frente.
Vem sempre a dor
na secura das carnes
a dor não mente
ainda que ao mundo pouco importe
a dor que dói a tanta gente.
E também a alma não mente
e não mente o sofrimento
do esbugalhar dos olhos
ainda que a mente enlouqueça
e até se esqueça
de que é alma de gente.
E morre a paz
a paz podre não mente
ainda que na vaga esperança da sorte
não seja mais do que a paz da morte.
Adão Cruz
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