"Nami procura em horizontes" - Agnès Agboton
Nami procura em horizontes
I
Nami procura em horizontes
que se fecham.
Nami constrói caminhos
que não principiam.
Nami estendendo as mãos
que tropeçam
com o cristal de uns olhos
sem tristeza.
— E ri,
algumas vezes,
a uma lua
de papéis —.
II
Riso triste:
Nami não é Nami
que tem o rosto grávido
de todas as injustiças,
de todos os olvidados.
Ai de quem não tema o parto!
Grito contido:
Nami volta a ser Nami.
Tem os olhos vazios,
pois secaram o seu olhar
tantos corações frios.
Ai de quem nunca sofreu!
III
Sexos desnudos
que Nami
(não sendo Nami)
volta a ser Nami.
— E ri,
algumas vezes,
a uma lua
de papéis —.
Sexos atordoados.
O seu corpo cálido
povoa, noite após noite,
o vazio de uns braços.
Sexos despertos.
Chegam
todos os horrores,
semeiam o leito.
— E quebram,
algumas vezes,
a lua triste
de papéis —.
IV
Sexos desnudos,
sexos despertos,
sexos atordoados
e uma vida que se leva,
sem a realizar,
entre as mãos.
Riso triste,
grito contido.
Ai de quem não tema o parto!
Agnès Agboton
(Benim, 1960 - )
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