O que será da escrita sem solidão? Reflexões a partir de Marguerite Duras
Já não resta na minha vida nenhuma solidão. Me pergunto se haverá solidão em algum lugar, se alguém ainda é capaz de estar só, de alcançar um estado de solidão. Não me refiro, claro, à penúria afetiva, ao abandono, ao desamparo, males diários que se encontram por toda parte, no meio da multidão. Penso mais num silêncio dilatado, vasto, num silêncio que é a ausência de notícias, de palavras, de ruídos. Penso num retiro íntimo, um lugar em que já não se ouça a respiração ofegante do mundo. Às vezes me bate um medo: nunca mais estarei só, ninguém nunca mais estará só, no abrigo de si mesmo. Para ler o texto de Julián Fuks clique aqui
Reconstruir, verbo não só transitivo
Vivemos um tempo em que reconstruir parece ter-se tornado a
preocupação central de todos, como acontece de modo geral num pós-guerra. A
pandemia faz proliferar planos e ideias de reconstrução, recovery plans,
programas de retoma, de reconstrução, de recomeço, de recuperação. É uma reação
típica a determinados tempos do fim, quando se viveu uma espécie de fim dos
tempos, uma experiência catastrófica ou final que profunda e destrutivamente se
abateu sobre um determinado tempo, deixando a posteriori uma intenção - antes
de um gesto - de superação do fim ou de reinício, o virar da página. Para ler o texto
de Roberto Vecchi clique aqui
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