Moçambique - "O último voo do flamingo" de João Ribeiro (Baseado na obra de Mia Couto)
Tizangara, pequena vila no interior de Moçambique, primeiros
anos do pós-guerra civil. Nas margens do majestoso Incomati, uma estranha
sequência de eventos veio perturbar a paz da (escassa) população local. Dois
meses. Cinco explosões. Outros tantos soldados das Nações Unidas
mortos. Se não bastasse a tragédia, acresce o mistério. Dos soldados
mortos não sobrou corpo que os identificasse, apenas foram encontrados nos
órgãos genitais. Isolados, sem mácula, estranhamente desprovidos de corpo
de abrigo. Por perto, um dado comum a todos: o característico capacete
azul dos soldados da paz. Para resolver o caso que tanto tem apoquentado a
estrutura da missão das Nações Unidas em Moçambique é destacado Massimo Risi,
tenente-coronel italiano estacionado em Maputo. Contará para isso com o
imprescindível apoio de Joaquim, um jovem tradutor local, intérprete de mundos,
mais que de línguas. Mas a investigação em que esta improvável dupla se verá
envolvida extravasará, em muito, como fronteiras do policial. A pergunta
“quem é o responsável pelos explosões que mataram os soldados?” tem tantas
respostas quantos os intervenientes nesta história. Será verdadeira a
versão de Estevão Jonas, o administrador anafado local? Ou a do feiticeiro
Zéca Andorinho? Terá razão Ana Desqueira, uma prostituta da região, que
acusa as mulheres locais? E por que motivo o Padre Muhando se entrega à
prisão, confessando a autoria dos crimes? “Para encontrar a verdade não
pergunte às pessoas, pergunte à vida”, ensina Zéca Andorinho a Massimo. E
é isso mesmo que se decidir fazer o italiano, pois será nas saídas entre o
poder local e o poder tradicional do Velho Sulplício (pai de Joaquim), na
pendência pelos antepassados, enfim, na eterna condição humana que se descobrirão
como pistas mais relevante para esta investigação, em que a compreensão resulta
muito importante que a resolução. Talvez Temporina, a mulher velha de
corpo jovem por quem Massimo se apaixona, seja, afinal, a imagem do mistério
que perpassa e atormenta esta África: “nesta terra, nem tudo o que parece é
...”. O filme de 201O (1:30) do diretor moçambicano João Ribeiro baseia-se no livro com o mesmo nome, do escritor moçambicano Mia Couto. Pode ser visto
clicando aqui
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