"Como simples aves..." - Adão Cruz
Como
simples aves
damos
as asas a caminho do sol
para
fugir às lágrimas que a terra espreme.
A
luz incendeia a vontade de fugir
mas
a mão serena abre o coração à esperança
onde
a angústia cresce
por
entre músicas perdidas e restos de flores.
Eu
continuo o caminho dos lábios que deixaram de suspirar
e
dos olhos que pararam de girar
confundidos
entre lágrimas e risos.
Eu
sigo o longo caminho das sombras
onde
as plantas não falam
nem
as fontes nem os pássaros.
Mas
a mão apertada
mesmo
que incrédula
murmura
baixinho
que
os prados se estendem a nossos pés.
As
brandas ondas do mar
deslizam
suavemente sobre a areia
cobrindo
de espuma o teu corpo sonâmbulo
que
à noite desperta
por
entre o labirinto dos meus sonhos.
E
pelos claustros do vento impaciente
os
cabelos de fogo vencem a idade
em
que o coração treme sem casa para morar.
Adão
Cruz
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