Notas sobre «Caderno de Memórias Coloniais»
O livro de Isabela Figueiredo, Caderno de Memórias Coloniais, tem uma forte dimensão pessoal, mas enquadra-se nas análises profundas – que Portugal tem pretendido ignorar – sobre o “nosso colonialismo inocente”1, pensado por Eduardo Lourenço, ficcionalmente trabalhado por Hélder Macedo no romance Partes de África, 1991, e por António Lobo Antunes, em O Esplendor de Portugal, de 1997. Em 1991, Partes de África constituía um livro pioneiro neste aspecto, “inclassificável” na ficção portuguesa de então e, à semelhança, de Caderno, de Isabela Figueiredo, era fundado sobre um diálogo póstumo com a figura do pai, transfigurada ora na nação portuguesa, ora na própria imagem do colonialismo português em África. Mais tarde, O Esplendor de Portugal trazia a discussão sobre a questão identitária do colonizador e do ex-colonizador, não tanto a partir da análise das relações desiguais de poder, como em Caderno de Isabela Figueiredo, mas a partir da fracturada relação de pertença/ posse dos sujeitos brancos à terra de Angola outrora colonizada, deixando-os a todos sem lugar. Resumindo, todos estes livros mostram, a partir de diferentes posicionamentos, o quanto a descolonização não tinha sido apenas um movimento a sul, que emancipou os países colonizados, mas também um movimento que atingiu radicalmente o continente colonizador que foi a Europa e, no caso sob análise, Portugal.
Para ler o texto completo de Margarida Calafate Ribeiro clique aqui
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