domingo, 17 de novembro de 2024

"O terrorista, ele observa" - Wisława Szymborska


 


O terrorista, ele observa
 


A bomba vai explodir no bar às treze e vinte.


Agora são só treze e dezesseis.


Alguns ainda terão tempo de entrar;


Alguns de sair.



O terrorista já passou para o outro lado da rua.


A distância o livra de todo mal


E a vista, bom, é como no cinema:



Uma mulher de jaqueta amarela, ela entra.

Um homem de óculos escuros, ele sai.

Uns jovens de jeans, eles conversam.


Treze e dezessete e quatro segundos.


Aquele mais baixo tem sorte, sai de lambreta,


E aquele mais alto entra.



Treze e dezessete e quarenta segundos.


Uma moça, ela passa de fita verde no cabelo.


Só que aquele ônibus a encobre de repente.



Treze e dezoito.


A moça sumiu.


Se foi tola de entrar ou não.


Vai se saber quando os carregarem para fora.



Treze e dezenove.


Parece que ninguém mais entra.


Aliás, um gordo careca sai.


Mas remexe os bolsos como se procurasse algo.


E às treze e vinte menos dez segundos


Ele volta para buscar a droga das luvas.



São treze e vinte.


O tempo, como ele se arrasta.


Deve ser agora.


Ainda não.


É agora.


A bomba, ela explode.




 Wisława Szymborska



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