"Correm por suas veias" - Agnès Agboton
Correm por suas veias
Correm por suas veias
a noite e a manhã
e em todos os seus gestos
nasce a dança.
Contei, um a um, os seus dedos
agora distantes,
aproximei-me da sua pele
de espuma
e vi nascer em seus olhos
esse olhar.
Nasce a dança, sim,
nasce a dança.
Vi sem dilação como brotavam
neles dois continentes.
Eram brancos aqueles passos
eram negras todas as
suas lamentações,
essas palavras.
Nasce a dança, sim,
nasce a dança.
Acolho-me agora nos seus braços,
os novos botões,
com o sol num extremo
e o cheiro obscuro das folhas,
encolhida.
Nasce a dança, sim,
nasce a dança.
Quem deterá esses rios?
Quem canalizará
esse vento?
É já um imenso caudal
que levantam esses corpos,
por todas as suas veias correm
as noites e as manhãs.
E são uma dança, sim,
são uma dança.
Agnès Agboton
(Benim, 1960 - )
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