"Guerra" - Daniel Costa-Lourenço
Guerra
A tua boca declara
guerra,
De língua
desembainhada, sentencia a morte de todos os beijos,
Irreversíveis os que
perdemos, eternos os que prometemos,
mortos os que
lastimamos.
A paixão persegue-me
sem quartel,
E nada mais me resta
que viver estropiado,
Quando nada mais se
move no tempo que empresto, no amor
(que
hipoteco,
Perdido o sustento
ou o ofício de amar.
Que faço amanhã,
Se a renda que há
meses não pago deixa o coração livre para
(novos
inquilinos,
Desconhecidos,
outros que não nós?
Estou despido,
fugindo do relento, procurando lugares escondidos
(dentro
de nós.
Lambo as marcas da
carne ferida. Não aprendi a evitar a tua pele de
(arame
farpado.
Mas outra coisa não
sei, cativo me declaro e rendo,
Revelo-te os
segredos, o sexo na minha roupa.
Beija-me ou mata-me.
Sem remédio, sem desculpas, esta noite extingo-me na tua cama.
Daniel Costa-Lourenço
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