No seu livro Poucos contra muitos, a politóloga italiana Nadia Urbinati analisa o modo como as elites políticas e económicas se divorciaram da cidadania e explica porque razão os ruidosos movimentos de protesto social contemporâneos não conseguem traduzir as suas reivindicações em conflitos políticos. Além disso, convida a pensar, a partir da tradição da esquerda democrática, a necessidade de uma “democracia social” na qual os partidos atuem como mediadores entre a cidadania e as instituições. Como e porquê “os poucos” se divorciaram das suas responsabilidades? De que modo os que detêm poder económico e político se desresponsabilizaram do corpo social? E de que forma enfrentam “os muitos” esta situação? Estas interrogações são abordadas de maneira minuciosa pela politóloga italiana Nadia Urbinati no seu livro Poucos contra muitos, publicado recentemente em espanhol pela Katz Editores. No seu ensaio, Urbinati mostra por que as novas explosões sociais parecem estar condenadas ao fracasso e de que forma uma democracia minimalista – nascida das ruínas da democracia social que sustentava o Estado de bem–estar – produziu uma liquefação das estruturas partidárias clássicas. Urbinati mostra, além disso, o emparelhamento entre neoliberalismo e populismo (que ela define como algo mais do que uma retórica e uma ideologia). O seu trabalho constitui uma contribuição para repensar a importância da organização partidária e das mediações institucionais dentro da tradição das esquerdas democráticas e reformistas. A publicação em espanhol do livro de Urbinati liga-se com o desenvolvimento de numerosos movimentos de protesto que, na atualidade latino-americana, não conseguem traduzir as suas reivindicações na arena institucional. Professora de Teoria Política na Universidade de Columbia, especialista em pensamento político moderno e tradições democráticas e antidemocráticas, Urbinati foi, além disso, co-presidente do Seminário de pensamento Político e Social da Universidade de Columbia e fundadora do Workshop sobre Política, religião e Direitos Humanos do Departamento de Ciências Políticas da mesma universidade. Foi colaboradora dos jornais L’Unità, Il Fatto Quotidiano e La Repubblica. Atualmente colabora com a revista Left e com o jornal Domani. Em 2008, o presidente italiano Giorgio Napolitano nomeou-a Comandante da Ordem do Mérito da República Italiana “pela sua contribuição para o estudo da democracia”. É também autora de diversos livros, entre os quais se destacam Yo: el pueblo (Grano de Sal, México, 2021), La democracia representativa (Prometeo, Buenos Aires, 2017), La democracia desfigurada (Prometeo, Buenos Aires, 2014), La mutazione antiegualitária (Laterza, Roma, 2013) e Liberi e uguali (Laterza, Roma, 2011). Nesta entrevista, Urbinati analisa as novas dimensões do confronto entre “os poucos” e “os muitos”, investiga os novos movimentos de protesto e explica por que se dirigem já não só contra aqueles que concentram o poder económico, mas também contra aqueles que detêm o poder político. Para ler sua entrevista clique aqui
Slavisha Batko Milacic: Dois membros do exército ucraniano que acabaram em hospitais se tornaram porcos experimentais para testar novos medicamentos
Ricardo Cavalcanti-Schiel: O fim do sonho americano
Pablo Ospina e Franklin Ramírez: Equador, à beira do precipício
Javier Milei, o líder de extrema-direita que venceu as primárias na Argentina
Luis Brunetto: Javier Milei ou o Abascal do subdesenvolvimento
Claudio Katz: Os enigmas da Argentina
José Carlos Callegari: Relatos selvagens - extrema direita na Argentina
Valdir da Silva Bezerra: Uma nova corrida pela África? Como as grandes potências têm disputado influência no continente
Alfredo Barroso: Nunca a Internacional Socialista desceu tão baixo
Riccardo Petrella - Água: quem disse que a história está escrita?
Yayo Herrero: Estamos educando as novas gerações contra a sua própria sobrevivência
Frida Berrigan: O inimigo somos nós
André Biernath: Por que a solidão virou uma das grandes preocupações de saúde do século 21
Dia dos Solteiros: os benefícios da solteirice, segundo a ciência
0 comentários:
Postar um comentário