sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

"Seria o amor português" - Fernando Assis Pacheco

 




Seria o amor português



 

 

 

 

Muitas vezes te esperei, perdi a conta,


longas manhãs te esperei tremendo


no patamar dos olhos. Que importa


que batam à porta, façam chegar


jornais, ou cartas, de amizade um pouco


- tanto pó sobre os móveis tua ausência.



 

Se não és tu, que me importa?


Alguém bate, insiste através da madeira,


que me importa que batam à porta,


a solidão é uma espinha


insidiosamente alojada na garganta.


Um pássaro morto no jardim com neve. 



 

 

 

Fernando Assis Pacheco


 

 

 

 


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