"Canção para um país agrícola" - Carlos Loures
Canção para um país agrícola
Quem
a morte semeia
a
morte colhe,
que
a espingarda é arado
que
não escolhe
leira
ou prado
para
lavrar.
Quem a morte semeia
a
morte colhe,
que
a baioneta é foice
que
não escolhe
courela
ou seara
para
ceifar.
A espingarda tem
gatilho,
mas
não memória,
tem
cão,
destino
não,
hoje
incendeia o dia,
amanhã
constrói a História.
Quem a morte semeia
A
morte colhe,
que
a espingarda é enxada
que
não escolhe
a
terra que trabalha –
destrói
e constrói,
liberta
e escraviza,
incendeia
sem destino,
mata
hoje o herói,
amanhã
o assassino.
Não
escolhe o peito,
o
sangue, a veia.
Quem
a morte semeia,
a
morte colhe.
Carlos Loures
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