José de Sousa Miguel Lopes: Para que serve a liberdade quando não há mais ninguém?
“Nesse momento, cada homem é uma
ilha, mas a conexão espiritual e solidária de todas essas ilhas faz um
continente. O altruísmo é chamado a suplantar a loucura e a estupidez”
Rosembreg Cariry
Este
pensamento de Cariry que vem no seu texto publicado hoje 09/04/2020, suscitou-me as breves
reflexões abaixo:
Para
que serve a liberdade quando não há mais ninguém?
José
de Sousa Miguel Lopes
Na ilha deserta você pode fazer a
sua casa na praia, com madeira de árvores centenárias e cantar bem alto às
horas que lhe apetecer. Pode andar nu. Não há policiamento, áreas protegidas,
vizinhos, impostos. A única lei que obriga você é a da sobrevivência, mas, se a
ilha tiver fruta e galinhas selvagens, o mar livre de barcos de pesca
assegurará uma rica e saudável dieta. Não casará e, por isso, não há contratos
pré-nupciais a celebrar. Não tem nada para vender nem para comprar, o que
dispensa você de todos os contratos de compra e venda. É rico – tem uma ilha
inteira - mas não tem ninguém a quem deixar a sua riqueza: não precisa fazer
testamento. Com quem vai discutir seus interesses? Com quem vai fazer acordos?
Quem diz a você o que pode ou não pode fazer?
Um dia, porém, quando começava a
estar farto de sua liberdade, outro náufrago chega à tua ilha. Já não é tua.
Você tem duas hipóteses: ou faz um acordo com ele ou o mata, se for capaz. Mas,
se o matar, você fica outra vez sozinho. O ideal é estabelecer regras que
permitam a convivência pacífica e, sobretudo, permitam que cada um aproveite as
capacidades e as aptidões do outro, porque como sabemos, não há duas pessoas
iguais.
E, então, cada decisão sua que
implique, de alguma forma, o outro, deve conformar-se com as regras da
convivência. Um belo dia chega à ilha um terceiro habitante: o professor. Em
breve virão as mulheres, as empresas, os barcos e os aviões, e você, vendo seus
netos correrem na “sua” praia, continuará a perguntar a si próprio, sem encontrar
resposta, para que serve a liberdade, quando não há mais ninguém.
O Brasil na geopolítica mundial da Covid-19 e do caos sistêmico
A superioridade
dos sistemas socialistas para a gestão de um paradigma tecnológico intensivo em
bens públicos vai se tornando de flagrante evidência mundial. Isso tende a se
acentuar por conta das dificuldades das políticas keynesianas clássicas
funcionarem em períodos recessivos de longa duração como o que provavelmente
estamos ingressando.
Para ler o texto
de Carlos Eduardo Martins clique aqui
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