Arsenal global: Rodamos as ruas do Rio depois de tiroteios e achamos balas fabricadas até na Europa da Guerra Fria
Rio de Janeiro nunca
soube a procedência de todas as balas que matam quase 1.500
pessoas por ano. Agora sabe. No ano passado, durante 100 dias, nós
começamos um trabalho jornalístico inédito: rodamos por 27 bairros da cidade
nos instantes posteriores a trocas de tiros e coletamos do chão 137 cápsulas de
munição para responder, afinal, de onde vêm as balas que empilham corpos pela
cidade das operações
sanguinolentas e dos inquéritos intoxicados?
Encontramos ainda quentes os cartuchos do mesmo lote de
fabricação que matou Marielle Franco, mas não só. Também estavam pelas vielas
munições fabricadas na China, nos EUA, na Rússia, na Bósnia – a maior parte
delas é proibida no Brasil. Além de munição de última geração produzida por
fábricas globais, achamos ainda, surpreendentemente, cápsulas fabricadas quatro
décadas atrás na Bélgica, onde pode-se ver nitidamente a marcação da
Organização do Tratado do Atlântico Norte. O lote foi produzido para ser usado
durante a Guerra Fria.
A partir desse levantamento do Intercept, não há dúvida: o conflito
armado no Rio de Janeiro é uma carnificina de responsabilidade global.
Para ler o texto de Cecília Olliveira e Leandro Demori
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