O ódio nosso de cada dia
Finda a
eleição, numa ressaca nacional o Brasil descobriu-se raivoso: dormimos num vale
suíço e acordamos em Serra Leoa.
A
terra é chã…
O
Brasil não tem terremotos ou furacões. Carecemos de tsunamis. O fundamentalismo
religioso, aqui, é mais lembrado pela estética da saia e cabelos compridos que
por genocídios. Mesmo não sendo um paraíso, todo brasileiro sabe que não
vivemos no inferno. A Terra de Santa Cruz é um cálido purgatório, no máximo.
Esse
quadro tem sido pintado, com cores mais fortes ou mais fracas, desde nossa cena
fundacional, em 1500. Sérgio Buarque de Holanda usou a celebrada expressão
“homem cordial” para descrever nossas raízes, em 1936. Ainda que tenha
defendido que o cordial deriva de impulsivo pelo coração, não o dócil, o texto
do pai do Chico foi lido sob o prisma do pacifismo. Na mesma década, Gilberto
Freyre tinha pintado um latifúndio no qual a escravidão emergia com uma toada
malemolente. Os dois clássicos foram absorvidos por um público pátrio que amou
encontrar, mesmo onde não havia, uma base narrativa para nossa representação
pacifista.
Para
ler o texto completo de Leandro Karnal clique aqui
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