Hamlet, os três imperialismos e a indústria cultural
1.
Se se considera o livro Cultura e imperialismo (1995), de Edward Said, o que se evidencia nele é uma cuidadosa investigação sobre a relação entre cultura e imperialismo europeu, de tal modo a ficar patente o papel dos artefatos culturais como suporte da expansão imperialista do Ocidente europeu, principalmente tendo em vista a sua versão inglesa. Um exemplo pode ser esgrimido com um livro singular como Hamlet, de Shakespeare.
2.
Em Hamlet, dois personagens contraponteados se inscrevem como figuras catárticas de uma moral da história voltada e devotada a instigar a expansão imperialista inglesa muito antes ainda do termo, imperialismo existir. Os personagens são o próprio Hamlet, príncipe da Dinamarca, e Fortimbras, príncipe da Noruega. Enquanto este sai para o mundo guerreando e conquistando territórios, aquele, por sua vez, concentra-se no interior do castelo e se vê tomado por uma rede de intrigas que tem o fantasma do pai (leia-se o fantasma do passado) como interlocutor fatal. Não é circunstancial que no final da peça a corte inteira da Dinamarca (incluindo Hamlet, rainha, rei, irmão de Ofélia) mata e se mata, enquanto Fortimbras chega para tomar para si o reinado, inclusive com a bênção de Hamlet, que o admira.
Para ler o texto completo de Luis Eustáquio Soares clique aqui
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