Mia Couto e Antonio Abujamra lembram o poeta Manoel de Barros
"Uso a palavra para compor
meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos..."
Manoel de
Barros
“Não era
apenas um poeta, um recriador de um idioma que, depois dele, se tornou mais
nosso. Manoel de Barros era um filósofo que pensava o mundo por via da poesia.
Havia uma outra lógica que corremos o risco de perder se não forem vozes como
as dele a recuperar. Essa lógica é a da oralidade, da infância e da
irreverência. Manoel impôs o valor das pequenas coisas e dos inutensílios num
tempo em que tudo se mede pela utilidade e pela rentabilidade. Mais que um
poeta, ele foi poesia. E, por isso, não foi”.
(Depoimento autorizado pelo
próprio escritor Mia Couto para publicar no site do Livre Opinião).
Para ver o poema “Difícil
fotografar o silêncio”, de Manoel de Barros, declamado por Antonio Abujamra
clique aqui
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