sábado, 15 de novembro de 2014

Mia Couto e Antonio Abujamra lembram o poeta Manoel de Barros


"Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos..."


Manoel de Barros

“Não era apenas um poeta, um recriador de um idioma que, depois dele, se tornou mais nosso. Manoel de Barros era um filósofo que pensava o mundo por via da poesia. Havia uma outra lógica que corremos o risco de perder se não forem vozes como as dele a recuperar. Essa lógica é a da oralidade, da infância e da irreverência. Manoel impôs o valor das pequenas coisas e dos inutensílios num tempo em que tudo se mede pela utilidade e pela rentabilidade. Mais que um poeta, ele foi poesia. E, por isso, não foi”.
(Depoimento autorizado pelo próprio escritor Mia Couto para publicar no site do Livre Opinião).

Para ver o poema “Difícil fotografar o silêncio”, de Manoel de Barros, declamado por Antonio Abujamra clique aqui

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