Contratempo: O novo tempo do mundo de Paulo Arantes
Em O novo
tempo do mundo,
Paulo Arantes faz o mapa de um tempo – o nosso – marcado pela ausência de
perspectiva. O autor identifica a falta daquela consistência histórica que, em
períodos anteriores, permitia que os filósofos se lambuzassem na intimidade
entre realidade e racionalidade, enxergando signos prenhes de futuros possíveis
por todos os lados do presente. Ao invés desses signos, temos experiências
sociais com cara de escombros, e sinais de fumaça na figura dos numerosos
pensadores contemporâneos com os quais o sempre antenado Arantes dialoga
abundantemente. Com a vertiginosa destreza peculiar à “paciência do conceito”,
nosso autor recolhe aqueles dispersos fragmentos do espírito do tempo sem
espírito, mostra seu emaranhado íntimo, provoca os discursos (às vezes, os mais
reacionários) até que eles apareçam também como sintomas caqueirados, e cutuca
os escombros mudos e chocados até que eles ganhem voz.
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