ANA ISABEL MADEIRA / Histórias cruzadas: identidades, fronteiras e ficções da lusofonia
Apesar da sua utilização cada
vez mais corrente, o conceito de lusofonia é um atributo marcado pela
ambiguidade com que circula no processo de produção de noções e categorias de
conhecimento, interpelando permanentemente o sujeito para a reformulação da
subjectividade e, portanto, para a reconstrução das suas práticas sociais. Mas
antes de mais, porque a questão da linguagem é sempre um indicador sensível da
mudança cultural, não devemos separar a noção de lusofonia de um processo de
relacionamento histórico, temporal e espacialmente muito amplo, com sociedades
situadas em continentes muito diversos entre si. Como escreveu António Nóvoa, «A
nossa localização em África, na América e na Europa – em países tão diversos, ligados
pela distância – concede-nos um estatuto muito especial, abrindo uma série
de possibilidades ao inquérito histórico e comparado. Não se trata de nos
considerarmos como um caso peculiar‘, que confirmaria ou infirmaria certas
teses. Trata-se, antes, de assumirmos que a nossa especificidade pode ser
elaborada conceptualmente e trabalhada enquanto campo teoricamente conhecível»
(Nóvoa, 2000: 127). Para conhecer e produzir conhecimentos sobre esse campo
teoricamente conhecível impõe-se, portanto, reflectir sistematicamente sobre o
modo como alguns conceitos são produzidos, apropriados e incorporados em
discursos verídicos. Porque se, por um lado, percepcionamos a realidade a partir
de determinadas categorias de pensamento, essas categorias têm de ser pensadas,
em si mesmas, como construções destinadas a representar a própria realidade.Para ler o texto completo de Ana Isabel Madeira clique aqui
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