terça-feira, 7 de novembro de 2023

"Epílogo" - Carlos Loures

 



Epílogo




É em púrpura e ouro que os crepúsculos se tecem,

o sangue do ocaso é um ser mutante e louco


que em sombras cai sobre as velas brancas.


Depois, a mão da noite, pouco a pouco,


semeia diamantes, e os astros acontecem.

As velas são içadas, enroladas nas retrancas.


À proa a sereia canta e aponta o rumo. Linda.


A tripulação é embalada pela voz vibrante e pura.


O poeta junta ao poema um adjetivo que faltava ainda


A sereia protege a nave que mergulha na névoa obscura.


Canta: “homes e barcos morrem. O sonho é eterno”


O poeta olha a silente poalha das estrelas e fecha o seu caderno.



Carlos Loures


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