"Confissão de um terrorista" - Mahmoud Darwish
Confissão de um terrorista
Ocuparam a minha pátria,
Expulsaram o meu povo,
Anularam a minha identidade…
E chamaram-me terrorista!
Confiscaram a minha propriedade,
Arrancaram o meu pomar,
Demoliram a minha casa…
E chamaram-me terrorista!
Legislaram leis fascistas,
Praticaram o odioso apartheid,
Destruíram, dividiram, humilharam…
E chamaram-me terrorista!
Assassinaram as minhas alegrias,
Sequestraram as minhas esperanças,
Algemaram os meus sonhos...
Quando recusei todas as barbáries
Eles...mataram um terrorista!
Mahmoud Darwish (1941-2008)1
1 Mahmoud Darwish é o maior poeta
contemporâneo do mundo árabe e poeta nacional da Palestina, traduzido em mais
de 20 línguas. Ele testemunhou, aos sete anos, a destruição da sua aldeia, na
Galileia, arrasada pelo exército de Israel durante a guerra de ocupação em
1948. A família refugiou-se no Líbano e ao regressarem clandestinamente viram
que Al-Birweh, uma das 536 aldeias palestinianas arrasadas, tinha sido
transformada num Kibutz, colonato agrícola judaico. Foi autor da Declaração de
Independência da Palestina, de 1988, lida por Arafat, e dirigente da OLP, de
onde saiu por discordar dos Acordos de Oslo, que considerou, como muitos outros
palestinianos, uma capitulação de Arafat, ao aceitar a divisão e a colonização
da Palestina, a troco de uma autonomia aparente e muito limitada pelo cerco
militar e pela expansão dos colonatos. Darwish denunciou o Hamas como uma organização
semelhante aos talibã.
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