"As marcas de nascença" - Sergio Gonzaga de Oliveira
As marcas de nascença
Lembrem das avós
Abatidas transtornadas
Lembrem das mães
Exaustas apressadas
Lembrem das filhas
Acuadas desamparadas
Lembrem das irmãs
Grávidas violentadas
Das netas…
Tristes crianças
Assustadas
Pensem nas mulheres
No acalanto da vida
No útero ancestral
Mas não se esqueçam da violência
Dos abortos clandestinos
Dos cárceres privados
Das esquinas degradadas
Do chão duro das ruas
No frio da madrugada
Pensem nas ilusões contidas
Nos empregos, exploradas
Nas filas intermináveis
Nas casas enlameadas
Nas promessas não cumpridas
Nas mortes anunciadas
Pensem nos sonhos negados
Na dor dos filhos largados
Na roda dos enjeitados
Lembrem dos filhos perdidos
Para a guerra das milícias
Nas batalhas com a polícia
Nas rotas sujas do tráfico
Mas não se esqueçam
Não se esqueçam…
Dos lucros nunca taxados
Dos juros inexplicáveis
Das dívidas impagáveis
Marcando a desigualdade
Dos olhos que não enxergam
Um sistema alucinado
Fonte de tanta maldade
Sergio Gonzaga de Oliveira
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