quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Um memorial para Saramago, que hoje faria cem anos

 





No centenário do seu nascimento, lembrar hoje José Saramago e os seus mestres 




O discurso que José Saramago proferiu perante a Academia Sueca, quando lhe foi entregue o Prémio Nobel da Literatura,  a 7 de Dezembro de 1998, contém referências claras aos seus mestres, desde os seus avós às personagens dos seus próprios livros, passando pelas gentes do Alentejo. Referiu-se a seu avô, natural de Azinhaga, Ribatejo como sendo um dos homens “mais sábio” que alguma vez conhecera e que “não sabia ler nem escrever”. Para ler o texto de Clara Castilho clique aqui






Saramago e a Palestina - breve evocação no centenário do seu nascimento




José Saramago, figura maior da vida cultural portuguesa, cidadão desta terra e deste mundo, foi um homem totalmente comprometido com o seu tempo, em particular com a luta dos homens e dos povos pela emancipação de todas as formas de exploração e opressão. O drama do povo palestino, a sua causa nacional, a sua heroica luta contra a ocupação e pela liberdade, teve em José Saramago uma voz empenhada, corajosa e sentidamente solidária. Para ler o texto completo clique aqui








José Saramago: "Escrevo para desassossegar"




Cada lançamento de um livro seu levanta expectativas. Não em vão estamos falando de um dos prêmios Nobel mais respeitados dos últimos anos. Sua última novela, A Caverna, fechou uma festejada trilogia iniciada com Ensaio Sobre a Cegueira, e continuada com Todos os Nomes, que questiona de forma filosófica a humanidade e sua desrazão. “Entramos na era da burocracia absoluta, caminhamos para a ignorância. O homem, cercado de informação, perplexo, perde sua capacidade de indignação, de racionalidade mínima”, disse o escritor. Para ler sua entrevista clique aqui







"Poema à boca fechada" - José Saramago 



Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais boiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.


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