terça-feira, 30 de agosto de 2022

Emmet Cohen, Cyrille Aimée, Patrick Bartley e Fabien Mary: "La Vie En Rose"

 




Às vezes as cantoras  (ou os cantores) não são a coisa mais importante, embora de um modo geral seja esse o estatuto de que se revestem numa qualquer atuação – quer por si próprias(os) quer através do grande público. E este vídeo é um bom exemplo disso.



A capitosa cantora começa por expor um tema francês, conhecidíssimo, habitualmente lento e algo meloso, mas aqui tratado com um entusiasmo e um ritmo mais áspero, mexido e menos académico.



A seguir cala-se e como não tem nada que fazer, meneia-se, dá à perna e ao resto, demonstra um entusiasmo algo pueril e folclórico e tenta aguentar o menos penosamente possível todos aqueles compassos preenchidos pelos restantes músicos.



Ainda por cima todos eles óptimos – com um solo de piano avassalador, a evocar um difícil stride piano, de uma rapidez e imaginação fora de tudo – a fazer mesmo esquecer a cantadeira ocupada nos meneios regulamentares. No entanto (e o contrário disto) enquanto, por exemplo, o sax tenor executa o seu solo, o trompetista segue-o atentamente, com aprovação e “meneios”, mas de olhos, cabeça e sentido crítico – as pequenas diferenças entre músicos a sério e modos de estar em palco…



(Claro que se ele, o trompetista, desatasse a dar ao rabo e a sorrir dengosamente, abafaria por completo a execução ornamental da cantora).



Há cantores(as) que têm a possibilidade de poder contracenar assim, com músicos poderosos e acima da média o que é uma sorte para eles(as). Lá fazem então um pequeno e razoavelzinho scat e acabam de novo em primeiro plano, como começaram – tudo à custa da qualidade dos secundários músicos presentes.



A Música é realmente uma coisa complexa e tem com o que se lhe diga.



Carlos Reis (30/08/2022)



Para assistir à interpretação clique no vídeo aqui


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