Emmet Cohen, Cyrille Aimée, Patrick Bartley e Fabien Mary: "La Vie En Rose"
Às vezes as cantoras (ou os
cantores) não são a coisa mais importante, embora de um modo geral seja esse o
estatuto de que se revestem numa qualquer atuação – quer por si próprias(os)
quer através do grande público. E este vídeo é um bom exemplo disso.
A capitosa cantora começa por expor
um tema francês, conhecidíssimo, habitualmente lento e algo meloso, mas aqui
tratado com um entusiasmo e um ritmo mais áspero, mexido e menos académico.
A seguir cala-se e como não tem nada
que fazer, meneia-se, dá à perna e ao resto, demonstra um entusiasmo algo
pueril e folclórico e tenta aguentar o menos penosamente possível todos aqueles
compassos preenchidos pelos restantes músicos.
Ainda por cima todos eles óptimos –
com um solo de piano avassalador, a evocar um difícil stride piano, de uma
rapidez e imaginação fora de tudo – a fazer mesmo esquecer a cantadeira ocupada
nos meneios regulamentares. No entanto (e o contrário disto) enquanto, por
exemplo, o sax tenor executa o seu solo, o trompetista segue-o atentamente, com
aprovação e “meneios”, mas de olhos, cabeça e sentido crítico – as pequenas
diferenças entre músicos a sério e modos de estar em palco…
(Claro que se ele, o trompetista,
desatasse a dar ao rabo e a sorrir dengosamente, abafaria por completo a
execução ornamental da cantora).
Há cantores(as) que têm a
possibilidade de poder contracenar assim, com músicos poderosos e acima da
média o que é uma sorte para eles(as). Lá fazem então um pequeno e
razoavelzinho scat e acabam de novo em primeiro plano, como começaram – tudo à
custa da qualidade dos secundários músicos presentes.
A Música é realmente uma coisa
complexa e tem com o que se lhe diga.
Carlos Reis (30/08/2022)
Para assistir à interpretação clique
no vídeo aqui
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