"Monika e o Desejo" - Uma obra-prima de Ingmar Bergman
Bergman é um pessimista, e o preço a ser pago pela vida não é pequeno. É disso que tratará, em suma, este filme. Para tanto, criará na pessoa de Monika uma personagem inesquecível. Ela é viva, inquieta, contraditória, animal, carnal. Ela é plena, e dessa plenitude Harriet Andersson dá conta com tanta desenvoltura que não é de estranhar que Ingmar Bergman tenha feito dela sua musa quase ao primeiro olhar (diz Bergman que não só ele, toda a equipe do filme se apaixonou por ela).
Temos aí uma das mais fortes interpretações femininas de todos os tempos, marcada pelo primeiro plano, quase ao final, em que Monika, desafiadora, olha não para a câmera, mas para cada um de nós, pessoalmente, opondo ao nosso juízo sobre ela e aos nossos preconceitos a evidência de seu corpo.
Andersson se afirma como talvez a mais notável de todas as admiráveis atrizes bergmanianas. "Monika" é possivelmente a obra-prima desse momento de Bergman.
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