quarta-feira, 10 de junho de 2020

Pedro Abrunhosa & Carolina Deslandes: "Tempestade"


Decreta-se o fim do Estado de Emergência mas o futuro não se escreve num decreto. Precisamos agora de luzes que nos guiem e indiquem caminhos de bonança, para retomarmos os nossos futuros interrompidos. Urge por isso ouvir Pedro Abrunhosa em “Tempestade”, que nos canta esses futuros por inteiro, solares, cheios de amanhãs e de possibilidades, convocando Carolina Deslandes que com uma contenção comovente nos embala, de olhos fechados, mostrando-nos que esses futuros são um salto de fé a que nos devemos entregar de coração.     
Em momento algum, nestes dois meses de confinamento, Pedro Abrunhosa nos abandonou. Quando o silêncio e a solidão se tornaram insuportáveis cantou para nós, nas suas redes, noite após noite. Quando quase tomamos as nossas casas por prisões rumou às nossas janelas e varandas, levando-nos evasão e alento. Quando Abril teve dúvidas em cumprir-se recordou-nos ao piano que o povo é quem mais ordena. E agora impõe-se outra distância, a da reflexão. A da memória. Pedro Abrunhosa é cada vez mais um guardião do futuro do cancioneiro português, a que agora acrescenta “Tempestade”. Para que nunca nos esqueçamos. 
Palavras de Pedro Abrunhosa sobre este trabalho:
"Escrevo o que vejo, o que sinto, o que gostaria que por aí viesse. A música é sempre uma alegoria invendável e um mistério que, felizmente, por razões que nenhuma palavra explica, nos move e comove. ‘Tempestade’ é uma canção que fala dum tempo que nunca devíamos ter vivido, para nos lembrarmos quem éramos e que sonhos tínhamos quando nos obrigaram a separar dos beijos dos que nos amam. Nada mais do que isso", escreveu Pedro Abrunhosa, nas redes sociais.
"Nenhum silêncio é mais trágico do que o dos pássaros e dos poetas. Ambos prenunciam tempos difíceis. ‘Tempestade’ é metáfora desta anormal normalidade e do simbólico canto de ambos, se é que alguma vez foram distintos. Não chegam os ‘lives’ nas redes sociais, nem a partilha renovada dos antigos textos para dar continuidade à obra enquanto autor. É preciso continuar a escrever. Escrever canções. Elas são tojo com raiz no futuro. E do futuro ninguém quer só metade."
"A terminar, uma palavra ao meu filho, Hugo, que, em três dias, usando imagens que, dos quatro cantos do mundo, lhe iam chegando, editou e montou, com João Pacheco, cada qual em sua casa, o magnífico clipe que sublinha a minha canção."
Para assistir à interpretação de “Tempestade” nas vozes de Pedro Abrunhosa e Carolina Deslandes clique no vídeo aqui


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