Pedro Abrunhosa & Carolina Deslandes: "Tempestade"
Decreta-se o fim do
Estado de Emergência mas o futuro não se escreve num decreto. Precisamos agora
de luzes que nos guiem e indiquem caminhos de bonança, para retomarmos os
nossos futuros interrompidos. Urge por isso ouvir Pedro Abrunhosa em
“Tempestade”,
que nos canta esses futuros por inteiro, solares, cheios de amanhãs e de
possibilidades, convocando Carolina Deslandes que com uma
contenção comovente nos embala, de olhos fechados, mostrando-nos que esses
futuros são um salto de fé a que nos devemos entregar de coração.
Em momento
algum, nestes dois meses de confinamento, Pedro Abrunhosa nos
abandonou. Quando o silêncio e a solidão se tornaram insuportáveis cantou para
nós, nas suas redes, noite após noite. Quando quase tomamos as nossas casas por
prisões rumou às nossas janelas e varandas, levando-nos evasão e alento. Quando
Abril teve dúvidas em cumprir-se recordou-nos ao piano que o povo é quem mais ordena.
E agora impõe-se outra distância, a da reflexão. A da memória. Pedro Abrunhosa é
cada vez mais um guardião do futuro do cancioneiro português, a que agora
acrescenta “Tempestade”.
Para que nunca nos esqueçamos.
Palavras de Pedro
Abrunhosa sobre este trabalho:
"Escrevo o que vejo, o que sinto, o que
gostaria que por aí viesse. A música é sempre uma alegoria invendável e um
mistério que, felizmente, por razões que nenhuma palavra explica, nos move e
comove. ‘Tempestade’ é uma canção que fala dum tempo que nunca devíamos ter
vivido, para nos lembrarmos quem éramos e que sonhos tínhamos quando nos
obrigaram a separar dos beijos dos que nos amam. Nada mais do que isso",
escreveu Pedro Abrunhosa, nas redes sociais.
"Nenhum
silêncio é mais trágico do que o dos pássaros e dos poetas. Ambos prenunciam
tempos difíceis. ‘Tempestade’ é metáfora desta anormal normalidade e do
simbólico canto de ambos, se é que alguma vez foram distintos. Não chegam os
‘lives’ nas redes sociais, nem a partilha renovada dos antigos textos para dar
continuidade à obra enquanto autor. É preciso continuar a escrever. Escrever
canções. Elas são tojo com raiz no futuro. E do futuro ninguém quer só metade."
"A
terminar, uma palavra ao meu filho, Hugo, que, em três dias, usando imagens
que, dos quatro cantos do mundo, lhe iam chegando, editou e montou, com
João Pacheco, cada qual em sua casa, o magnífico clipe que sublinha a minha
canção."
Para
assistir à interpretação de “Tempestade” nas vozes de Pedro Abrunhosa e
Carolina Deslandes clique no vídeo aqui
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