"Negreiros " - Claudio Lopes
Negreiros
E do dia se faz noite,
No oceano apontam grandes embarcações.
Do ventre das naus, a força, o gemido, a dor.
A cada remada uma lambada estala nas
costas de quem produz o movimento!
A cada lambada um lamento, um sentimento,
o suor!
Os olhares se entrecruzam, se buscam!
A maré cheia cheira, as marcas tatuadas
na pele enegrecida.
Mas no balanço das marés também reside a
fé,
O axé.
Iemanjà brilha, brinca com alegria,
Que no ritmado das remadas estala outra
cantiga.
Os olhares se entrecruzam se irmanam!
A libertação viva, trilha, na nova terra
para onde jamais se deixarão escravizar.
E agora nos batuques, as lembranças dos
que atravessaram oceanos,
Desbravaram matas,
Entoaram ritmos e cantos.
Um grito de alegria, que é pura harmonia,
E da noite se faz dia,
Num canto de liberdade‼!
Claudio Lopes
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