Caso Marielle, um teste definitivo para Moro
Se o ministro
decidir entrar furtivamente no caso Marielle, seu comportamento será um teste
definitivo para saber se é somente o ministro da Justiça do Governo ou também o
advogado de defesa do presidente.
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Clima de ansiedade
abafa ansiedade com clima
Marcelo Leite*
4/11/2019
Impacto do aquecimento global será pior
do que previa a ciência, mas não é disso que se trata nos tuítes sem noção.
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Num país em que o óleo domina, o desmatamento galopa, o ministro
alopra e o presidente tem chilique de fazer inveja a Bruno Ganz, entende-se que
pouca gente dê bola para más notícias sobre o clima. À beira de um ataque de
nervos, brasileiros não têm sobra de espaço mental para mais ansiedade.
Quem mora em Caraguatatuba, Cubatão, Joinville ou Duque de Caxias, por exemplo,
deveria prestar atenção aos mapas publicados pela Folha na
quinta-feira (31). As casas de mais de 1 milhão de pessoas correm sério risco
de ficar debaixo d’água até 2050, indicam novos e mais precisos cálculos sobre
inundações pela elevação do nível do mar.
Até lá, a família Bolsonaro já estará longe do poder. Terá dado contribuição
inestimável –no sentido de “difícil de estimar”– para o agravamento do efeito
estufa, com toda sua ignorância sobre o desmatamento e o incentivo que lhe
emprestam cada vez que abrem a boca ou tomam da caneta para tratar do assunto.
O próprio presidente Jair Bolsonaro (PSL) reconheceu nas Arábias
que “potencializou” a devastação. O que ele não sabia é que cientistas vinham
até aqui subestimando a contribuição das florestas tropicais destruídas ou
degradadas para poluir o clima –ela pode ser até seis vezes superior ao que se
projetava, segundo estudo publicado quarta-feira (30)
no periódico Science Advances.
Haja potência.
Além dos dados físicos da crise do clima, a ciência também vem subestimando
seus impactos econômicos. O alerta partiu de sir Nicholas Stern (London School
of Economics, LSE) e de Naomi Oreskes (Harvard), em artigo no jornal The New
York Times e se baseou em estudo do Instituto Grantham da LSE.
Até o que parece boa notícia não é: caiu em 2% no mundo a venda de carros com
motores de combustão interna, responsáveis pela demanda de um quarto do
petróleo extraído no planeta, mas aumentou a parcela de SUVs (jipões), que
consomem em média 25% mais combustíveis fósseis em comparação com veículos de
passeio de porte médio.
Embora a crescente eficiência de motores em carros menores e o
aumento paulatino de veículos elétricos na frota mundial tenham poupado 2,1
milhões de barris de petróleo por dia, os SUVs puseram tudo a perder. Entre
2010 e 2018, agregaram 3,3 milhões de barris/dia à demanda, calcula a Agência Internacional de Energia.
Não é fácil, com efeito, computar perdas econômicas de catástrofes como os
incêndios ora em curso na Califórnia e no Pantanal. Não se trata só do prejuízo
com propriedades, turismo, saúde e horas de trabalho perdidas, mas de fauna e
flora, da vegetação natural que pode levar anos ou décadas para se recompor e
voltar a prestar em plenitude serviços ambientais como a regularização de
corpos d’água e a polinização de plantas agrícolas.
Quanto vale tudo isso? Bem mais que os tuítes sem noção de um zero à esquerda.
*Marcelo
Leite
Fonte:
Aqui
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