"Como sou – Sinopse" - José Pastor Duarte Silva
Como sou – Sinopse
Eu sou como as algas:
necessito de luz e calor.
Eu sou como os pinheiros:
verde em todas as estações.
Sou fóssil de toda e qualquer era,
muito mais homem que fera.
Eu sou um vulcão:
dentro de mim há crateras e grutas,
cheias de estalactites
e estalagmites puras e brutas,
que nascem da filtração
do sangue e lava
de todas as minhas artérias em erupção.
O relevo do meu fundo marítimo
tem mais picos e cumes
que abismos e barrancos.
Os altibaixos internos
que embriagam o meu coração legítimo,
e as minhas entranhas montanhosas
vivem numa eterna bruma de cantos
indubitavelmente cheia de horizontes.
Dentro de mim há cascatas
e cachoeiras. É por isso
que meus lábios e maneiras
sempre falam espuma cristalina
que sai pelos rios
múltiplos da minha voz.
Também tenho portos fluviais
onde desaguam todo o meu
silêncio, todas as minhas
palavras, que aí flutuam,
e são tantas e da mesma linhagem!
Aí ficam, se quedam, e alimentam
a minha personagem primária,
eremita e selvagem.
O meu sangue é como o trigo:
panificável por excelência.
Eu vivo no pão impecável do
meu sangue.
A minha gênesis é o resultado
da condensação do «grand pás de quatre»
e criação que alegra e desperta
a natureza vivente e agreste:
terra, água, sol e semente.
necessito de luz e calor.
Eu sou como os pinheiros:
verde em todas as estações.
Sou fóssil de toda e qualquer era,
muito mais homem que fera.
Eu sou um vulcão:
dentro de mim há crateras e grutas,
cheias de estalactites
e estalagmites puras e brutas,
que nascem da filtração
do sangue e lava
de todas as minhas artérias em erupção.
O relevo do meu fundo marítimo
tem mais picos e cumes
que abismos e barrancos.
Os altibaixos internos
que embriagam o meu coração legítimo,
e as minhas entranhas montanhosas
vivem numa eterna bruma de cantos
indubitavelmente cheia de horizontes.
Dentro de mim há cascatas
e cachoeiras. É por isso
que meus lábios e maneiras
sempre falam espuma cristalina
que sai pelos rios
múltiplos da minha voz.
Também tenho portos fluviais
onde desaguam todo o meu
silêncio, todas as minhas
palavras, que aí flutuam,
e são tantas e da mesma linhagem!
Aí ficam, se quedam, e alimentam
a minha personagem primária,
eremita e selvagem.
O meu sangue é como o trigo:
panificável por excelência.
Eu vivo no pão impecável do
meu sangue.
A minha gênesis é o resultado
da condensação do «grand pás de quatre»
e criação que alegra e desperta
a natureza vivente e agreste:
terra, água, sol e semente.
José
Pastor Duarte Silva*
*José António Pastor Duarte Silva (1954-1993)
nasceu em Nampula (Moçambique). Foi professor, ativista cultural, encenador de
teatro, poeta e contista. Si Silva e Broeiro Duarte São Pedro foram pseudônimos
de José Pastor. A sua obra permanece inédita em livro.
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