sábado, 31 de agosto de 2013

Cuca Roseta - A nova voz do Fado

Cuca Roseta é uma fadista portuguesa apelidada de "a nova voz do fado"! É no Clube de Fado que é convidada por Ivan Dias para participar no filme “Fados”, de Carlos Saura. Na mesma semana e no mesmo local conhece o músico e produtor argentino Gustavo Santaolalla, vencedor de 2 óscares e vários Grammy's. Nunca na história do Fado algum produtor tão premiado se tinha interessado pelo fado, e foi justamente Cuca Roseta que o conseguiu. O seu disco de estreia homónimo, "Cuca Roseta", foi produzido por Gustavo Santaolalla. O sucesso foi imediato, tendo reunido as melhores criticas e um grande interesse pelo público. O segundo álbum, "Raiz" foi editado em Maio de 2013.
Pode ouvi-la em “Porque Voltas de Que Lei” clicando aqui
Nos teus braços” clicando aqui
É Lisboa a Namorar” clicando aqui

Erro grosseiro no Plano Nacional de Educação?

A duras penas, a sociedade civil conseguiu duas vitórias significativas na redação do Plano Nacional de Educação (PNE) aprovado pela Câmara Federal, em meados de 2012. Incialmente, a proposta apresentada pelo poder executivo previa ampliar “progressivamente o investimento público em educação até atingir, no mínimo, o patamar de 7% do produto interno bruto (PIB) do país”. Depois dos duros embates, a Câmara acabou por aprovar uma versão na qual previa um aumento do “investimento público em educação pública de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% do produto Interno Bruto do país no quinto ano de vigência desta Lei e, no mínimo, o equivalente a dez por cento do PIB ao final do decênio”. Os dois destaques em itálico referem-se aos pontos importantes: 10% do PIB e, igualmente importante, a expressão investimento público em educação pública, não apenas investimento público em educação, redação que permite incluir entre os gastos públicos as subvenções e financiamentos dados a instituições privadas, isenções de impostos, contratos de prestação de serviços etc.
Entretanto, e infelizmente, o PNE, ora em tramitação no Senado, pode receber uma alteração nada desprezível: excluir a palavra “pública” após “educação”. Essa exclusão, assim como outras com teor semelhante no mesmo documento, foi proposta pelo senador José Pimentel (PT-CE) na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Em seu relatório, aprovado em junho deste ano, defende que “a parcela de 10% do PIB compreenda o conceito de investimento público em educação, sem a referência ou condição adicional de que seja no ensino público”.
Essa alteração é gravíssima e terá enormes consequências para o futuro do país. Como grande parte da população, vitimada pelos discursos neoliberais quase onipresentes na mídia brasileira, acredita que o setor público é menos eficiente do que o privado, são necessários alguns esclarecimentos baseados em fatos da realidade. Vamos a eles.
Para ler o texto completo de Otaviano Helene e Lighia B. Horodynski-Matsushigue clique aqui

Fome nos EUA: doze milhões de crianças à beira da morte

Cenas de pobreza e miséria aparecem com freqüência em jornais de todo o mundo. Imagens que mostram geralmente a situação extrema em que vivem os povos na África, na América Latina ou no Sul da Ásia. Muito comum também é conhecer através da imprensa mundial a riqueza e o desenvolvimento nos países acima da linha do Equador. Europa, EUA, Rússia e Japão são sempre relacionados com avanço tecnológico, poder aquisitivo e alto nível de bem-estar social. Isso não quer dizer, no entanto, que o mundo seja exatamente assim. O colapso econômico mundial, a maior crise da história do regime capitalista, está levando à tona o que os países ricos sempre fizeram questão de esconder. No país mais rico do mundo, os EUA, milhões de crianças estão muito abaixo da linha de pobreza e denunciam uma realidade cada vez mais difícil de esconder.
Para ler o artigo completo clique aqui

Os limites das redes sociais, a aversão à teoria na política e uma velha lição de Rosa Luxemburgo

Para a revolucionária alemã, aversão à teoria era o principal combustível do oportunismo político.
O pragmatismo rebaixado que caracteriza boa parte do debate e da luta política hoje no Brasil apresenta alguns elementos em comum com as discussões diárias nas redes sociais sobre o atual momento político que vive o país: o império do curto prazo e do adventismo, a ausência de perspectiva história, a valorização de um empirismo radical e uma consequente aversão à teoria e à reflexão.
Há uma proliferação desenfreada de opiniões sobre tudo e todos. Uma proliferação cercada de barulho e urgências discutíveis. Há um sistema de comunicação e de entretenimento em expansão ininterrupta que trabalha diariamente contra o silêncio, a reflexão e o sentido, oferecendo velocidade, euforia, instantaneidade, celebridade ou, simplesmente, alguma distração. Somos convocados a emitir opiniões rápidas sobre os “fatos do dia”, quer sejam ele fatos reais ou meros boatos ou especulações. E, de um modo geral, essa convocação vem sendo atendida com entusiasmo, alimentando um exército de opinadores e opinadoras, comentadores e comentadoras.
Para ler o texto completo de Marco Weissheimer clique aqui

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Michel Cahen/Entrevista: Em Moçambique só há partidos de direita

Michel Cahen é pesquisador do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) no Centre “Les Afriques dans le Monde” (“As Áfricas no mundo”), do Instituto de Estudos Políticos da Universidade de Bordeaux, na França. Esteve à frente da organização da revista Lusotopie, de 1992 a 2009, uma das principais publicações acadêmicas a abordar temas relativos aos desdobramentos da experiência colonial lusitana na África e no Brasil. Além de ser um dos grandes nomes contemporâneos da história social e política da África Colonial Portuguesa, é autor de alguns clássicos da produção historiográfica sobre colonização e vida pós-colonial nos países da África Portuguesa, tais como: Mozambique, la révolution implosée. Études sur 12 ans d’indépendance (1975-1987), lançado em 1987 (Paris, L’Harmattan), e Os outros: um historiador em Moçambique, 1994, publicado em francês em 2002 (Paris, Fondation Calouste Gulbenkian) e em português em 2003 (Basileia, P. Schlettwein Publishing). Também publicou um livro sobre a única minoria linguística de Portugal, a comunidade mirandesda: Le Portugal bilingue. Histoire et droits politiques d’une minorité linguistique: la communauté mirandaise, em 2009 (Rennes, Presses Universitaires de Rennes). Recentemente, em 2012, o pesquisador lançou o livro organizado juntamente com Éric Morier-Genoud1, Imperial migrations: colonial communities and Diaspora in the Portuguese world. (Basingstoke, Palgrave MacMillan).
No primeiro semestre deste ano, o professor Cahen ministrou o curso “História social e política da África Portuguesa (1885-1975)”, para o Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade de São Paulo (PPGS/USP), em que abordou questões e embates teórico-historiográficos que suas perspectivas trazem.
Os estudantes/entrevistadores conformam parte do conjunto de interessados na obra desse pensador, que ultrapassa as preocupações e os métodos da disciplina histórica e alcança também sociólogos, antropólogos e demais interessados nas dinâmicas passadas e contemporâneas do continente africano.
Para ler a entrevista de Michel Cahen clique aqui


Reveladas as primeiras imagens do projeto astronômico ALMA

Imagens obtidas no ALMA

O grande projeto astronômico do Atacama, no Chile, acaba de abrir oficialmente para os astrônomos. Após um grande período de trabalho e ainda em construção, o ALMA iniciou as suas atividades com alguns dos maiores e mais poderosos telescópios já criados. A observação (em regime de teste) foi executada por 12 das 66 antenas do projeto.
O ALMA se localiza na Planície Chajnantor, a 5.000 metros de altitude e o clima extremamente seco da região favorece a radioastronomia. O ALMA é capaz de captar comprimentos de onda milimétricos e submilimétricos 1.000 vezes mais longos do que aqueles da luz visível.
Para ler o texto completo de Ana Paula Pereira clique aqui
Para ver o filme de 16' clique aqui
 



Cinco filmes polêmicos sobre religião

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O cinema enquanto expressão artística não poderia jamais fechar os olhos para temas polêmicos. Lembre-se que quando Chaplin te fazia rir enquanto apertava uns parafusos dentro das engrenagens da indústria, denunciava também a exploração do empregado na selvageria das indústrias. Por essas e outras, o cinema sempre teve consigo o fardo de ao mesmo tempo em que diverte precisa documentar. A câmera vira, então, os olhos de quem enxerga uma situação de uma forma e disserta sobre de uma forma dinâmica, em 24 quadros por segundo. A arte quebrando tabus tem sido uma das formas da sociedade demonstrar sua reflexão diante de situações que não são discutidas com mais naturalidade. O cinema já fez isso com homossexuais, casos de aborto, reféns das guerras no oriente médio e outros temas. O que será discutido aqui é a religião. Nesta lista estão 5 filmes que de maneiras distintas oferecem discursos basicamente sobre o mesmo tema: a relação da fé com o ser humano. São 5 exemplos de como o cinema encarou esse assunto que certamente mexe com uma gigantesca parcela da sociedade, onde uns aceitam e outros torcem o nariz. São filmes que sofreram com tentativas de boicotes, com recepções variadas pelo público mas que principalmente foram corajosos em abrir um debate que muitos se negam por motivos variados, sendo o principal dele a não reflexão de uma verdade que julgam absoluta. São 5 filmes que valem a pena pela sabedoria de tratar o tema com a responsabilidade de na linguagem cinematográfica além de nos entreter, informar.
Para ler o texto completo de Rafael Lopes clique aqui

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Da independência moçambicana a gírias: veja papo de Tas com Mia Couto & Palestra de Mia Couto

Em entrevista a Marcelo Tas, o escritor moçambicano Mia Couto falou da participação na independência de seu país, sobre literatura e cultura popular.
Veja o vídeo da entrevista de 50' clicando aqui
 
Veja também o vídeo da palestra proferida por Mia Couto na 23ª Conferência Geral do Conselho Internacional de Museus (ICOM) em 17/08/2013 clicando aqui
Atenção: Nos primeiros 3 minutos dois apresentadores apresentam, em inglês, o autor moçambicano. A palestra tem a duração de cerca de 30 minutos.


quarta-feira, 28 de agosto de 2013

FORA DO EIXO: Fora de mim

Nos últimos dias, o coletivo Fora do Eixo (FdE) foi alvo de muitas críticas, parte das quais anunciadas como “denúncias”, mas que, na verdade, são apenas análises do modus operandi do grupo ou queixas (muitas vezes legítimas) de ex-integrantes. Mas não vou entrar muito no mérito do que foi dito sobre o FdE. Não sou desse coletivo e, por isso, não tenho condições de dizer o que procede ou não. Fazer isso seria algo imprudente (quiçá leviano). E tenho um grande respeito por mim e por quem (eventualmente) me lê.
Todavia, em função da importância do assunto, farei algumas considerações de quem já teve contato com integrantes do coletivo e também conhece um pouco da sua história. Acho curioso... Aliás, reformulando, acho natural que após ficar evidenciada a relação do FdE com a Mídia Ninja (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação), o primeiro passou a ser alvo de reportagens depreciativas da chamada “grande” imprensa. Ataca-se o Fora do Eixo para acertar a Mídia Ninja (e o Fora do Eixo também, é claro). Simples. Afinal, os ninjas estão propondo, digamos, um novo “modelo de negócio”. Se isso vai dar certo ou não, já é outra história. Mas falar em novos paradigmas é algo no qual a maior parte da mídia tradicional, obviamente, não tem o menor interesse.
Os grandes grupos de comunicação beneficiam-se do atual modelo: baseado em um oligopólio amplamente financiado pelos contribuintes por meio, sobretudo, de uma grande injeção de dinheiro estatal a ser usado em propagandas publicitárias (em sua maioria, inúteis) dos três níveis de governo. Outra maneira de garantir o lucro desses grupos é, por exemplo, adquirir (sem qualquer tipo de licitação) milhares de exemplares de revistas e jornais. Repito: sem qualquer tipo de licitação.
Para ler o texto completo de Léo Nogueira clique aqui

Ranking dos maiores grupos de comunicação do Brasil

Há tempos venho insistindo num argumento. O processo de convergência acentuou a penetração dos grandes conglomerados de mídia e trouxe com eles novos players como as empresas de telecomunicações, os fabricantes das smartTVs, Google, Amazon, Apple, Netflix e outros. Diante disso, aquela conversa de que a comunicação no Brasil é controlada pelas tais nove famílias simplesmente não é mais verdade. O tempo agora é outro. O mercado brasileiro de comunicações está cada vez mais dividido entre os grandes grupos estrangeiros e a Globo. O resto não vale uma nota de três reais.
E se antes era ruim, agora pode ser ainda pior, porque o desafio de regular esses gigantes transnacionais pode ser ainda maior do aquele de regular os coronéis da velha mídia.
Para ler o texto completo de Gustavo Gindre clique aqui


Somos todos Edward Snowden!

Cabelo curto, aparado, óculos retangulares, bigode e barbicha por fazer, o homem sentado diante dos repórteres no aeroporto de Moscou, na sexta-feira, 13 de julho passado, parecia um cidadão normal. Mas sua fala, se não removeu montanhas, mexeu com elas, suscitando um terremoto. Com voz pausada, narrou em que consistia o cotidiano do seu trabalho: “Eu, sentado na mesa, poderia grampear qualquer pessoa, desde você que está me ouvindo até um juiz federal e mesmo o presidente da república, precisando apenas de um e-mail pessoal.” E completou: “Não quero viver num mundo onde tudo o que eu fizer e disser esteja registrado. Não é a vida que eu quero viver e isto é algo que não estou disposto a aguentar.”
Cerca de um mês antes, o jornal inglês The Guardian publicou reportagem de Glenn Greenwald sobre as revelações de Edward Snowden a respeito das políticas de espionagem do governo estadunidense. A grandeza dos dados desafia a imaginação. Acionando os programas Prisma e XKeyscore, a Agência Nacional de Segurança/NSA dos Estados Unidos armazena, diariamente, 1 a 2 bilhões de registros – e-mails, conversas online e todo tipo de comunicação. Apenas em março de 2013, a Agência coletou 97 bilhões de peças de informação de computadores de todo o mundo, contando com a colaboração das companhias provedoras: Google, Apple, Facebook, Yahoo etc. Thomas Drake, ex-empregado da Agência, confirma: trata-se de um sistema vasto e institucionalizado, trabalhando em escala industrial. Nenhuma comunicação dos e para os EUA escapa do olho da NSA. Ouviu-se então um coro mundial, reatualizando o lendário conto infantil: “O rei está nu!”
Para ler o texto completo de Daniel Aarão Reis clique aqui

terça-feira, 27 de agosto de 2013

50 filmes para conhecer criticamente a História

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Aqui está uma lista com alguns filmes para quem adora História. Um filme quando vai abordar algum contexto histórico ele utiliza recursos pedagógicos para uma maior aproximação, entretanto, é válido lembar das vinculações ideológicas em determinadas obras. Por vezes, um filme tem mais a dizer sobre o momento em que foi produzido do que a época que pretende retratar.
Confira a seleção feita por Guilherme Antunes clicando aqui

A importância da imaginação pós-capitalista

 
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Mês que vem completam-se cinco anos que Lehman Brothers foram protagonistas do maior caso de falência de banco na história dos EUA. O colapso sinalizou o início da Grande Depressão – a crise mais substancial do capitalismo mundial desde a 2ª Guerra Mundial. Como entender os fundamentos desse sistema agora em crise? E, com o sistema em guerra contra a classe trabalhadora, sob o disfarce da “austeridade”, como imaginar um mundo depois disso?
Poucos pensadores geraram respostas mais influentes para essas perguntas que o geógrafo marxista David Harvey. Aqui, em entrevista recente, ele fala a Ronan Burtenshaw e Aubrey Robinson sobre esses problemas.
Para ler e entrevista de David Harvey clique aqui

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

KAFKA & GUIMARÃES ROSA: A sociedade do controle soberano

O cenário da luta pelo poder ocorre também e talvez até antes de tudo no campo semântico, da produção de sentidos. Os sentidos dominantes numa sociedade são precisamente o daqueles que detém o poder. E o que é o sentido? O sentido é simplesmente o que nos faz sentido, aquilo que entendemos como importante em todas as dimensões da vida: o sentido do amor, da religião, do trabalho, da política, da arte, da amizade, da vida social, enfim.
Não existe, por outro lado, nada mais impalpável que o sentido. Não o vemos. Não é concreto e esfumaça-se no ar mal o lemos, ouvimos, pensamos, sonhamos, produzimos, sem contar que nunca é coeso e puro, razão por que não existe o sentido, mas aglomerados de sentidos, de significações que são ao mesmo tempo políticas, subjetivas, econômicas, ideológicas, impuras, contraditórias, errantes.
Esse aspecto escorregadio, difuso e imaterial dos sentidos nos coloca diante das seguintes questões: onde está o sentido de algo? Está oculto ou, pelo contrário, na superfície, à vista? A partir de onde buscar o sentido de um texto literário, de uma manifestação de rua, de um filme? Em Investigações filosóficas (1953), o filósofo austríaco Wittgenstein (1889-1951) assim se posiciona sobre essas questões de sentido: “É no estado civil das contradições e no seu estado no mundo civil, eis o problema filosófico”, problema de sentido.
Para ler o texto completo de Luís Eustáquio Soares clique aqui

domingo, 25 de agosto de 2013

Em vez Havana? O debate sobre a chegada de médicos cubanos é vergonhoso


Do ponto de vista da saúde pública, temos um quadro conhecido. Faltam médicos em milhares de cidades brasileiras, nenhum doutor formado no país tem interesse em trabalhar nesses lugares pobres, distantes, sem charme algum – nem aqueles que se formam em universidades públicas sentem algum impulso ético de retribuir alguma coisa ao país que lhes deu ensino, formação e futuro de graça.
Respeitando o direito individual de cada pessoa resolver seu destino, o governo Dilma decidiu procurar médicos estrangeiros. Não poderia haver atitude mais democrática, com respeito às decisões de cada cidadão.
O Ministério da Saúde conseguiu atrair médicos de Portugal, Espanha, Argentina, Uruguai. Mas continua pouco. Então, o governo resolveu fazer o que já havia anunciado: trazer médicos de Cuba.
Como era de prever, a reação já começou.
Para ler o texto completo de Paulo Moreira Leite clique aqui
Leia também o texto "Mídia não explica, demoniza" de Aberto Dines clicando aqui
Lei o texto "A constrangedora vergonha alheia" de Luciano Martins Costa clicando aqui
 




"Poesia" - Cristóvão Tezza

“De pequeno conheci a Poesia
uma balzaquiana elegante, sorridente, lúcida e vaga
com um anel no dedo.
Meu Deus, que coisa linda!
Secretamente lhe mandei bilhetes
pedi em casamento
marquei encontro.
Reticente, me afagou os cabelos, me deu um beijo na testa.
(Era na boca que eu queria
um beijo de língua, feroz!)
Joguei futebol, tirei nove em português, oito vez cinco quarenta.
Fiquei velho, mudei o mundo, instaurei o comunismo
enchi os cornos de pinga
entrei para o Banco do Brasil
E ela veio de novo, madrugadinha.
Que mãos pálidas, que transparência, que sutileza!
Falava francês, a desgraçada!
Sentamos num bar.
Verde que te quero verde
não serei o poeta de um mundo caduco
mas que seja infinito enquanto dure
Senhor Deus dos desgraçados
as armas e os barões assinalados
ah que saudades que eu tenho
ora direis, Paulicéia Desvairada, rua torta, rua morta
e ela ali, deusinha vagabunda e arrogante
vou-me embora pra Pasárgada
fui lhe metendo a mão nos peitos
erguendo a saia de seda
vou estuprar a Poesia
que alegria!
E eis que ela me foge, bateram as doze horas
fiquei com o papel em branco.
Mulher difícil, a Poesia.
Eu de calça Lee, ela musa grega
Vênus de Milo, romântica desvairada
solteirona neurótica cheia de pasta na cara.
Quem ama não esquece.
Vinha em sonhos, traiçoeira, brincava de 31
fazia-se maçã do éden, funcionária pública
manequim de propaganda.
Sou Jack o Estripador, lhe arranco a meia da coxa
enforco-a sobre o colchão
lhe encho a cara de porrada.
Num banco de praça vou lhe cantando sutil
sou um gênio da gramática
ataco de conjunção, propósito, verborreio, substantivo com arte
vou de régua e de quarteto
rimo paixão e turbilhão
(vem cá, minha gatinha...)
ergo os braços com ênfase
(me beija a boca, doçura)
soneteio, eclogueio, epopeio
ela me abraça quentinha
mas eis que passa um velho e lhe leva
maldito Carlos Drummond de Andrade!”
 
“— a poesia não é rima
Não é forma
Não é metro
Não é papel cuchê de primeira
Não é assunto
Não é necessariamente música
Não é estrofe
Não é um profundo mergulho na individualidade humana
Não é uma borboleta voando
A poesia não é nada.
Ou seja
Que porra é a poesia?
 
Conclusão [...]:
— como não há mais nenhum discípulo de Homero e a Grécia virou
uma bosta, como os clássicos da Renascença eram muito posudos,
como os barrocos faziam piruetas, como os árcades só cuidavam de
ovelhas, como os românticos morreram todos tuberculosos, como os
parnasianos eram a última raspa do tacho da boçalidade acadêmica,
como os simbolistas compensavam a falta de assunto com Iniciais
Maiúsculas, como os modernistas envelheceram, como os concretistas,
práxis, poetas—processo e suas cinco milhões de dissidências
cooptaram todos pelas agências de publicidade:
 
ESTAMOS LIVRES!
HIP! HIP! HURRA! “
 
TEZZA, Cristovão. Trapo. 6ª ed. Rio de Janeiro: Rocco.

sábado, 24 de agosto de 2013

Chomsky: “Estou com os manifestantes do Brasil”

Embora sejam protestos diferentes e com suas peculiaridades, as manifestações nos dois países são tentativas de o povo recuperar a participação nas decisões. É uma forma de ir contra o domínio dos interesses de grupos econômicos. Acho ambos muito importantes e posso dizer que estou com os manifestantes – disse o linguista, entusiasta do movimento “Occuppy”, declarando apoio ao movimento que toma as ruas de cidades brasileiras e também aos manifestantes turcos.
Ele tem razão ao tentar separar os dois movimentos. Embora semelhanças pareçam gritar neste momento, devido ao cunho popular de ambos os protestos, são países de contextos socioeconômicos e culturais muito diferentes. Qualquer tentativa de relacioná-los pode ser leviana, se nao forem tomadas as devidas ressalvas.
Para ler o texto completo de Camila Nobrega clique aqui

Israel e Palestina: entre “diálogo” e possível ruptura

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O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, obteve, após intensas discussões com o governo israelense e a Autoridade Palestina (AP), a retomada dos chamados “diálogos de paz”. Isto foi considerado um grande avanço. Mas será, de fato?
Do lado Israelense, o governo de Telaviv prometeu libertar prisioneiros palestinos considerados “de peso” (isto é, prisioneiros envolvidos em “ataques mortais”), como um gesto para a possível retomada dos diálogos. Mas esta promessa tornou-se bastante confusa em seus detalhes. A libertação está sendo programada em quatro etapas. O número de prisioneiros que serão libertados não é sabido. A imprensa fala em 104. Mas seria este o total ou apenas a primeira etapa? Não está decidido quando a primeira etapa vai se dar. E a proposta só foi endossada por todo o gabinete de ministros de Israel, após enorme esforço do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Não se sabe o que ele prometeu em troca, nas negociações com o gabinete, para obtiver o voto dos ministros.
Do lado palestino, a AP diz que concordou apenas em “dialogar sobre o diálogo”. Quer saber qual será a base para futuras negociações de fronteiras, o ritmo de uma desaceleração em novas colônias israelenses, e um calendário preciso para a libertação de prisioneiros. Também quer saber tudo isso antes de setembro, quando se reúne a Assembléia Geral da ONU – para manter a opção de lutar por seus objetivos de outras maneiras, nas Nações Unidas. O Hamas, que não foi incluído nesses diálogos, notou, com ira, que, caso ocorram, eles poderão interromper, ou mesmo frustrar por inteiro, outros diálogos: os que são mantidos entre Hamas e AP, em busca da unidade palestina.
Para ler o texto completo de Immanuel Wallerstein clique aqui

Entrevista com Richard Dawkins sobre religião

Richard Dawkins, talvez o ateu mais famoso do mundo, biólogo renomado, tipo raro de intelectual híbrido que comunica bem com o grande público e com os eruditos dos centros de pesquisa de ponta ao redor do globo. Dawkins alcançou notoriedade tanto nos círculos acadêmicos dos departamentos de Biologia quanto no delicado debate público sobre o papel das religiões no mundo contemporâneo.
“Não devemos respeitar crenças que influenciam a vida de crianças e que vão contra conhecimento dado como consenso na comunidade científica”
Com The God Delusion (Deus, um Delírio) o cientista se tornou best-seller ao ampliar suas criticas às religiões em geral e defender que não há nenhuma necessidade de se conhecer o pensamento religioso ou de se ter qualquer conexão com entidades divinas para se viver uma vida moralmente digna e eticamente responsável.
“Encontrar códigos morais e referenciais éticos são tarefas da sociedade como um todo, e não privilégio das autoridades religiosas”
Como figura polêmica que é, Dawkins tem provocado a admiração da comunidade leiga ao pregar o entusiasmo pelo pensamento livre e não dogmático; e também a ira de muitos líderes religiosos por sua critica impiedosa do Criacionismo e ao mesmo tempo sua apologia do ateísmo.
“A dúvida requer mais inteligência e coragem do que a certeza”
Apesar do pensamento sofisticado, agudo e ferino, Dawkins pareceu-me bastante áfavel, brincalhão e interessado nas idéias alheias. Foi numa pequena sala sala da Universidade da Pensilvânia, que me encontrei com este Pop Star do ateísmo e da biologia evolucionária no mundo para a entrevista que pode ser lida clicando aqui

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Patrimônio, Educação e Cinema


O cinema pode dar uma contribuição valiosa ao registrar o patrimônio histórico e despertar nas pessoas uma nova atitude em relação ao passado. Para professores e alunos fica a sugestão de produzirem vídeos em suas comunidades, utilizando uma câmera amadora ou o celular.
Para ler o texto completo de José de Sousa Miguel Lopes clique aqui


Quando os poetas dialogam

Imbondeiros (baobás) – Moçambique         Ponte 25 de abril - Lisboa




Esta postagem tem uma história. Num e-mail enviado à Cristina Vicente (1), amiga de longa data, coloquei, sem qualquer tipo de comentário, um poema do Manoel de Barros, um de meus poetas brasileiros preferidos. Estava longe de imaginar que a reação de minha amiga a este poema, fosse... um outro poema. “Ouçamos” primeiro o poema de Barros, mote que inspirou a digressão dialógica de Maria Machamba (2). É a partir desse poema, na inquietude da sua íntima condição, que a autora vai desvelando nos seus versos o silêncio desabitado, buscando uma condição de sujeito capaz de devanear, sonhar, produzir sentidos num sujeito ao qual, na fissura entre a realidade e a imaginação, só lhe resta o sussurro e a fuga.

José de Sousa Miguel Lopes



Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas
mais que a dos mísseis.
Tenho em mim
esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância
de ser feliz por isso.
Meu quintal
É maior do que o mundo.
Manoel de Barros
Prezo amigos mais que insetos
Estórias mais que autores.
Os jardins, as árvores ainda mais que os livros. 
Passarinhos, gatos, cães 
Certamente mais que todos os insetos. 
Mas sim, tal como o Manoel de Barros 
Também eu prefiro os insetos aos aviões.
 
Sou feliz com a música
Mas não apenas, no meu quintal
Azeitonas, pão quentinho, chocolate, morangos, ameixas
Ai, que nem sei se não os prezo mais que à astronomia, pintura, política, biologia, medicina
Tal é a abundância de matéria, de saber.
 
Amo a terra, toco-a, planto-a
Congemino o seu germinar na magia das coisas.
E a brisa quente e suave mais que o vento.
Mais que isso, silêncio
Porque vou confidenciar, no meu jardim...
 
Prezo a vida, mais que a morte
A morte mais que a tortura.
O Homem, mais que a Deus.
E só prezo alguns 
A ti também.
 
O adeus não prezo.
Prefiro o até sempre
Que é uma forma mais consciente
De ir e ficar ao mesmo tempo.
O adeus ou até sempre, têm uma ordem, que só mora no meu pensamento.
 
Prezo os homens mais que as fronteiras.
O horizonte que às vezes é maior que a janela
Como o conto ultrapassa a escrita
Ou o pensamento
Mais veloz que os sentidos.
 
Prezo tantas coisas mais que insetos.
Mas porque não hão-de ser os gafanhotos, ainda que canhotos,
mais prezados que a vida ou a morte, ou que o conto?
Ou as abelhas, vá, que sustêm todo o equilíbrio do mundo
Em cada flor que se abre e fruto que se forma.
Se os livros nem conseguem saltar de esguelha
E as estórias não vão além da memória.
 
Só os insetos, por pura discricionariedade, hão-de valer menos que os poetas.
E mais que os aviões.
Maria Machamba
(1) Cristina Vicente, nascida em Moçambique em 1971 e descolonizada para Portugal ainda na tenra infância, filha e trineta de professores, neta de emigrantes machambeiros, lendo precocemente, evidenciou cedo a escrita poética. Advogada, consultora jurídica em funções públicas, entre outros desempenhos, a escrita, contida, transformou-se por longo tempo em ferramenta oficinal, laborando cuidadosamente para que não lhe coscuvilhasse a alma.
Maria Machamba é um pseudónimo nascido de um diálogo imaginário entre esta cidadã europeia do século XXI, ativa e cosmopolita, e um inteligente e bem humorado lente e mestiço de cultura, aspirante a griot. No momento em que o griot a convence a escutar a sua escrita, e embora desconfie não haver nela sons, fogo ou essência de imbonda, Maria Machamba nasce depois de ter estado morta.
Com vivências familiares marcadas por uma ligação distante, não obstante intensa e lúcida, a um continente desconhecido, a autora, partindo do afeto profundo por baobás e num regresso às suas origens africanas, marca agora o tempo intimista do reencontro de amizades improváveis e da escrita, para uma viagem extraordinária entre continentes, e sujeitos, pelo mundo da ciência, da música, das artes, ou qualquer outro campo fértil da vida.
(2) Machamba - Terreno agrícola para produção familiar em Moçambique.



segunda-feira, 19 de agosto de 2013

“Minha pátria é minha língua”

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A iniciativa do Projeto Rosetta para estudar, registrar e evitar que desapareçam milhares de idiomas ameaçados de extinção.
Para ler o texto completo de Cibelih Hespanhol clique aqui


domingo, 18 de agosto de 2013

Dossiê Mídia Ninja




Entrevista com o jornalista Bruno Torturra e o produtor cultural Pablo Capilé, exibida pelo Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo, em 5/8/2013. Ancorados por Mario Sergio Conti, participaram da bancada de entrevistadores os jornalistas Alberto Dines, Caio Túlio Costa, Eugênio Bucci, Suzana Singer e Wilson Moherdaui. Veja a entrevista de Bruno Torturra e Pablo Capilé clicando aqui
Leia o texto "A velha nova mídia" de Moniz Sodré clicando aqui
Leia o texto "Uma crítica à contracorrente" de Sylvia Debossan Moretzsohn clicando aqui
Leia o texto "Jornalismo sem remuneração" de Mauro Malin clicando aqui
Leia o texto "O jornalismo na era da convergência" de Gustavo Gindre clicando aqui
Leia o texto "Apenas mais uma utopia" de Ethevaldo Siqueira clicando aqui
Leia o texto "Sem heróis, real função é ignorada" de Marcos de Vasconcellos clicando aqui
Leia o texto "Privatização da informação e o fim do espaço público virtual" de Marcelo Musa Cavallari clicando aqui
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