A noção de erro na língua
A coisa é bem simples: é um fato elementar para as ciências da linguagem que a variação é uma característica inerente a qualquer língua. Não existe uma única língua no mundo sem variação linguística.
Num mesmo idioma, por exemplo, há regras diferentes para designar uma mesma construção ou palavra. Isso é fácil de observar. No dia-a-dia, encontram-se pessoas que dizem os peixe, os livro e dez real. A regra dessa “gramática” consiste em marcar com “s” apenas o primeiro elemento significativo, no caso o artigo e o numeral. Existe também outra gramática, essa mais famosa, conhecida como gramática normativa, que segue uma regra diferente daquela: marca com “s” todos os elementos da sequência – os livros, os peixes, dez reais. O interessante é que essas duas construções são regulares, ou seja, as duas seguem regras rigorosas, exatas.
A partir disso, a sociedade faz uma avaliação de cada uma dessas variedades, considerando uma errada e outra certa, uma feia e outra /bonita, uma que soa bem e outra que soa mal. Cria-se assim uma língua boa, bonita, elegante e que seria mais inteligível e exata do que outras variedades dela – pelo menos na cabeça das pessoas. O mito de que existe uma língua certa e outra errada começa aqui, em achar que o outro é quem fala errado, tomando como viés a sua própria fala. Isso porque as pessoas que falam qualquer língua acabam julgando que a diferença é um defeito. Ou um erro. O outro não sabe falar porque não fala igual a mim, pensamos.
Pode acontecer algo mais grave ainda: acabamos nos convencendo de que nós é que não sabemos falar quando falamos de forma um pouco diferente daqueles que são nossos “modelos de comportamento linguístico”. Daí ser possível ouvir algumas pessoas dizerem que não sabem falar sua língua materna. “Não sei falar português”, afirmam.
Bastava abrir o ouvido para constatar que só o fato dela falar, já demonstra que ela sabe falar. Para ler o artigo completo de Bruno Ribeiro Nascimento clique aqui
Num mesmo idioma, por exemplo, há regras diferentes para designar uma mesma construção ou palavra. Isso é fácil de observar. No dia-a-dia, encontram-se pessoas que dizem os peixe, os livro e dez real. A regra dessa “gramática” consiste em marcar com “s” apenas o primeiro elemento significativo, no caso o artigo e o numeral. Existe também outra gramática, essa mais famosa, conhecida como gramática normativa, que segue uma regra diferente daquela: marca com “s” todos os elementos da sequência – os livros, os peixes, dez reais. O interessante é que essas duas construções são regulares, ou seja, as duas seguem regras rigorosas, exatas.
A partir disso, a sociedade faz uma avaliação de cada uma dessas variedades, considerando uma errada e outra certa, uma feia e outra /bonita, uma que soa bem e outra que soa mal. Cria-se assim uma língua boa, bonita, elegante e que seria mais inteligível e exata do que outras variedades dela – pelo menos na cabeça das pessoas. O mito de que existe uma língua certa e outra errada começa aqui, em achar que o outro é quem fala errado, tomando como viés a sua própria fala. Isso porque as pessoas que falam qualquer língua acabam julgando que a diferença é um defeito. Ou um erro. O outro não sabe falar porque não fala igual a mim, pensamos.
Pode acontecer algo mais grave ainda: acabamos nos convencendo de que nós é que não sabemos falar quando falamos de forma um pouco diferente daqueles que são nossos “modelos de comportamento linguístico”. Daí ser possível ouvir algumas pessoas dizerem que não sabem falar sua língua materna. “Não sei falar português”, afirmam.
Bastava abrir o ouvido para constatar que só o fato dela falar, já demonstra que ela sabe falar. Para ler o artigo completo de Bruno Ribeiro Nascimento clique aqui
0 comentários:
Postar um comentário