"alegres tristes sinas em alegorias" - Fernando Rios
que horrores desgostos desolações
melancolias depressões misantropias
minhas sinas desfilam diante de mim?
meu corpo minha casa
minha casa meu corpo
onde está minha vida
onde estão minhas filantropias?
entro e saio de mim
como entro e saio de minha casa?
a vida me espera me espreita
me denuncia
aos brados me convoca
para que desistir?
só se implode amorosamente com o outro
ou no mínimo em romaria
quantas portas e janelas
fecham e abrem a cada segundo
em meu corpo casa vida?
meu corpo animal encontrou uma caverna
e agora quem governa
é meu corpo líquido mineral físico químico
quantas sombras minha caverna absorve
quantas vezes vou e volto
afogado em lágrimas
embriagado em vinho?
o que dizer aos seres sombrios?
quantas vozes gritando norte sul
enlouquecem a rosa dos ventos
destroem o astrolábio
e me mandam à deriva?
casa navio ou casulo?
há que entrar e sair
nenhuma casa aconchega
se não tiver o calor
se não tiver o odor
que se transforma em memória
que registra alegria
acima de qualquer dor
mesmo no corpo que pausa
a casa caminha tênue
porque há corpo
porque corpo sem casa
vagueia
Fernando Rios
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