quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

"III (Grande Hotel de Paris)" - Manuel de Freitas

 



III (Grande Hotel de Paris)




A morte, claro. Existem porém


dias grandes, irredutíveis a versos,


em que a indecisão da luz


nos açoita de felicidade.



São dias raros, futuras


imagens do nada, o suficiente


para que a palavra amor substitua


o primeiro cigarro da manhã.



Chegámos tarde. O quarto 203


trazia-me de novo o teu corpo.


E até a música dos sinos


vinha deitar-se connosco.



Manuel de Freitas


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