"O Poeta toma a pólis" - Teofilo Tostes Daniel
O Poeta toma a pólis
Degredado e clandestino,
o poeta torna à pólis
sem nunca tê-la deixado.
Se lhe pedem palavras úteis,
o poeta cospe pétalas e pombas brancas,
grita incandescências vulcânicas,
veleja lavas e anuncia paz.
Enquanto todos aplaudiam
a rainha degolada,
o poeta sentia o frio da lâmina
no próprio pescoço.
Hordas da ordem, em vão,
tentam adestrar o poeta
e cortar-lhe a peçonha da língua,
mas seu verbo se alastra
como fogo em planícies
secas de tanta razão.
O poeta toma a pólis.
Teofilo Tostes Daniel
0 comentários:
Postar um comentário