domingo, 23 de julho de 2023

"AI,AI,AI..." - Luís Felipe Nogueira

 





AI,AI,AI...

 




Sou da época em que "Ai" era uma maneira de descrever


ou escrever uma expressão dolorosa.


Hoje, no entanto, dizem ser "Artificial Intelligence"...


ou "IA", traduzido pela nossa sequência gramatical.


Não prefiro a dor, mas, não gosto dessas coisas artificiais,


tanto para ingerirmos quanto para sermos...


No mais, tenho certo receio quanto ao vocábulo "inteligência",


parece abrangente, mas, às vezes, ou melhor, na maioria delas,


se refere a específicos itens, assuntos, matérias;


e indo além, e a emocional? E a espiritual? Tão propaladas...


Será apenas um acúmulo de conhecimento


numa velocidade de raciocínio lógico inatingível?


E a sabedoria onde ficaria???


Quer seja a calma observacional,


a aplicação humana calcada no bom senso,


intuição que nos mantiveram vivos até agora...


Bem, o humano já há muito deixou de ser


o protagonista da própria humanidade para o chamado "mercado"...


Os ecossistemas deram lugar aos "sistemas"


que parecem ter vida própria e sem nenhuma sensibilidade...


Estamos deixando de fazer o bem


para termos "o bem", e f...o resto da sociedade...


É nesse contexto que "AI" chega...


Não obstante, como o próprio nome diz artificial,


ou seja, criada, e por quem?... por nós, pobres mortais!


E, mesmo que um dia "evoluam" por total autonomia,


ainda sim, todo o conhecimento e tecnologia


terão sidos advindos da inteligência humana...


Fico pensando, naquela estória de Salomão, o rei sábio,


que ao ter de decidir sobre quem ficaria com uma criança


disputada por duas mulheres que se diziam ambas genitoras da mesma,


sentenciou que se partisse ao meio e desse uma metade a cada uma.


O desfecho todos conhecem, a mãe verdadeira, como mãe que era,


abre mão da sua vontade em favor da vida de seu filho.


Só uma mãe faria isso.


Caso resolvido pela sabedoria...


Gostaria de ver "AI" tentando equacionar esse caso,


sem ter a referência salomônica, nem, muito menos,


o recurso da genética, na época...


Imagino que resgataria a minha noção de dor e diria


Ai, Ai, Ai...


(Fiquemos tranquilos, não seremos extintos...


Seremos deletados...).



 

Luís Felipe Nogueira



(23/07/23)



Homenagem a quem ainda pensa com o coração.

 


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