Novidade editorial CLACSO
O
objetivo desta dissertação é investigar como as ações educacionais
desenvolvidas por diferentes instituições em Moçambique estiveram relacionadas
às identidades coletivas dos indivíduos desse território e aos projetos
políticos vigentes, com destaque para o Liceu Nacional Salazar, Escola de
Habilitação de Professores Indígenas “José Cabral”, Centro Associativo dos
Negros de Moçambique, Escola Chinesa, Instituto Moçambicano, Missão Anglicana,
Missão Suíça e Igreja Metodista Episcopal. Em Moçambique, o desenvolvimento da
escolarização esteve atrelado ao processo de colonização portuguesa e a
dinâmicas sociais diversas, como a presença de missões protestantes, do
islamismo ou de grupos e povos provenientes do continente asiático. Durante
esse contexto, a Igreja Católica passou a ter um papel de destaque na educação
escolar, o que envolveu a difusão do nacionalismo português, a expansão da fé
católica e a mudança das práticas culturais de uma parcela da população
africana. Em contraposição ao regime colonial e defendendo a construção do
nacionalismo moçambicano, surgiu a Frente de Libertação de Moçambique
(FRELIMO), em 1962, que elegeu a educação como um dos principais instrumentos
para transformação revolucionária da sociedade. O recorte temporal analisado
compreende os anos de 1926 a 1974, abrangendo desde a reformulação da política
colonizadora, a instalação da ditadura salazarista, a emergência dos movimentos
anticoloniais e independentistas, a expansão do sistema educativo, até o
término da colonização. A pesquisa foi realizada a partir de estudos
bibliográficos sobre a história da educação em Moçambique e algumas fontes
documentais, tais como, a legislação colonial portuguesa, fotografias, notícias
jornalísticas e relatos memorialísticos. Nesses documentos, foram analisados os
discursos produzidos pelos sujeitos vinculados à educação escolar, com o
propósito de problematizar questões que envolveram as identidades religiosas,
nacionalistas, raciais e/ou étnicas presentes em suas propostas e iniciativas
de ensino. Na fundamentação teórica, adotou-se a abordagem de histórias
conectadas e, para análise das fontes, utilizaram-se os seguintes conceitos:
colonialidade, transnacionalismo, identidade, gênero, escolarização, discurso,
raça e racismo. Entre os resultados alcançados, destaca-se que a educação
escolar foi uma produtora de desigualdades, um instrumento que influenciou os
papeis de gênero, um meio de perpetração de violências, principalmente nas
relações de trabalho, além de ter sido instauradora de identidades
nacionalistas e religiosas, modeladora das relações étnico-raciais,
consolidadora do projeto político colonial e possibilitou que alguns sujeitos
tivessem uma mobilidade profissional. Para ter acesso ao conteúdo integral da
dissertação de Mestrado em Educação (292 págs.) de Ivangilda Bispo dos Santos
clique aqui
0 comentários:
Postar um comentário