quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

"Terra" - António Vilhena

 




Terra



Na noite silenciosa ouço o chocalhar do gado na planície


profunda. Os únicos sons chegam com a natureza:


as aves, os rebanhos de vacas e de ovelhas. Para


se chegar a este lugar é preciso amargar muito pó de


terra batida. Sinto que regressei à minha matriz ancestral,


ao “humus”, onde Anteu recriou a moira, o


destino, para os gregos antigos.


Há neste aconchego da terra o conforto do despojamento


e a indiferença pela intriga e a inveja. Aqui, lê-se


Homero. Tenho a companhia da lua crescente, os olhos


imaginários e a respiração da esperança. 




António Vilhena


0 comentários:

  © Blogger template 'Solitude' by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP