"Canção para os Homens da Inglaterra" - Percy Bysshe Shelley
Canção para os
Homens da Inglaterra
Homens
de Inglaterra, por que lavrar
Para os senhores que vos derrubam?
Por que tecer com esforço e cuidado
As ricas roupas que vestem os vossos tiranos?
Por que alimentar, e vestir, e proteger,
Do berço até a sepultura,
Aqueles ingratos zangãos que
Exauririam vosso suor, beberiam vosso sangue?
Por que, Abelhas de Inglaterra, forjar
Tantas armas, grilhetas e chicotes
Se esses zangãos sem ferrão podem destruir
O produto forçado da vossa labuta?
Será que tendes lazer, conforto, calma,
Abrigo, comida, o doce bálsamo do amor?
O que é então que comprais tão caro
Com a vossa dor e com o vosso medo?
O grão que semeais, colhe-o outro;
A riqueza que encontrais, fica outro com ela;
As roupas que teceis, outro as veste;
As armas que forjais, as usa outro.
Semeai grão, — mas não deixeis que nenhum tirano o colha;
Encontrai riqueza, — não deixeis nenhum impostor acumulá-la;
Tecei roupas, — não deixeis nenhum ocioso usá-las;
Forjai armas, — a usar em vossa defesa.
Recolhei às vossas caves, buracos e cubículos;
Nas mansões que embelezais, outro lá vive.
Por que sacudir as grilhetas que forjastes? Vedes
O aço que temperastes brilhar sobre vós.
Com o arado e a pá, e a enxada e o tear,
Cavai a vossa sepultura e construí o vosso túmulo,
E tecei a vossa mortalha, até que a bela
Inglaterra seja o vosso sepulcro.
Para os senhores que vos derrubam?
Por que tecer com esforço e cuidado
As ricas roupas que vestem os vossos tiranos?
Por que alimentar, e vestir, e proteger,
Do berço até a sepultura,
Aqueles ingratos zangãos que
Exauririam vosso suor, beberiam vosso sangue?
Por que, Abelhas de Inglaterra, forjar
Tantas armas, grilhetas e chicotes
Se esses zangãos sem ferrão podem destruir
O produto forçado da vossa labuta?
Será que tendes lazer, conforto, calma,
Abrigo, comida, o doce bálsamo do amor?
O que é então que comprais tão caro
Com a vossa dor e com o vosso medo?
O grão que semeais, colhe-o outro;
A riqueza que encontrais, fica outro com ela;
As roupas que teceis, outro as veste;
As armas que forjais, as usa outro.
Semeai grão, — mas não deixeis que nenhum tirano o colha;
Encontrai riqueza, — não deixeis nenhum impostor acumulá-la;
Tecei roupas, — não deixeis nenhum ocioso usá-las;
Forjai armas, — a usar em vossa defesa.
Recolhei às vossas caves, buracos e cubículos;
Nas mansões que embelezais, outro lá vive.
Por que sacudir as grilhetas que forjastes? Vedes
O aço que temperastes brilhar sobre vós.
Com o arado e a pá, e a enxada e o tear,
Cavai a vossa sepultura e construí o vosso túmulo,
E tecei a vossa mortalha, até que a bela
Inglaterra seja o vosso sepulcro.
Percy Bysshe Shelley (1792-1822)
(Tradução: Célia Henriques e Eduarda Dionísio)
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