quarta-feira, 25 de março de 2020

A morte de Ivan Ilitch - Lev Tolstoi

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Se nesta fase procura na literatura um escape para os dias angustiantes que estamos a viver, este não é o livro certo para si. "A morte de Ivan Ilitch" confronta-nos, como poucas outras obras, com a nossa finitude e com a impotência e pequenez que temos perante o fim. Em menos de uma centena de páginas, o livro conta a história dos últimos meses de vida de um respeitável juiz na Rússia do século XIX, vítima de uma doença que ninguém sabe curar. Tolhido pela dor e incapaz de sair do quarto, Ivan chora "pelo seu desamparo, pela sua horrível solidão, pela crueldade dos homens, pela crueldade de Deus, pela ausência de Deus".
Na agonia, cresce-lhe a revolta pela aleatoriedade do sofrimento. Procura um sentido que não encontra, uma resposta que não chega a descobrir. O medo de Ivan Ilitch torna-se universal. É o nosso medo. O medo da nossa própria mortalidade. E do balanço que faremos da vida quando for chegada a morte. Nessa hora, em que lembranças nos vamos refugiar? E que decisões amargamente lamentaremos?
Nesta que é "uma das maiores obras-primas do espírito humano", Tolstoi retrata-nos "de corpo inteiro, no mais íntimo de nós mesmos". Quem o diz é António Lobo Antunes, autor do prefácio do livro, que já leu vinte ou trinta vezes e que, garante, continuará a ler, "maravilhado, exaltado e comovido", até ao fim dos seus dias. A morte de Ivan Ilitch "é o retrato implacável da nossa condição: não há sentimento que nele não figure, não há emoção que não esteja presente. Tudo o que somos se acha em poucas páginas, escrito de forma magistral".

Joana Pereira Bastos (In: Expresso, 23/03/2020)

Para acessar o conteúdo integral do livro (52 págs.) clique aqui

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