"O feminismo é a ponta de diamante de uma insurgência internacional". Entrevista com Silvia Federici
Enquanto pelo mundo se organiza a quarta
greve feminista em
centenas de reuniões, atividades e assembleias, ouvir Silvia Federici é
inspirador. Em um intervalo de sua caminhada pelo mundo compartilhando leituras
e contagiando força, Silvia nos
recebeu em sua casa, em Nova York, para conversar sobre a atualidade das lutas feministas, as revoltas populares dos
últimos meses, as tensões do
feminismo com a esquerda e
os pontos mais relevantes de seu último livro.
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Rita Segato é
doutora em Antropologia e pesquisadora. Provavelmente, é uma
das pensadoras feministas mais lúcidas deste tempo. E talvez de todos
os tempos. Escreveu inúmeros trabalhos a partir de sua investigação com
estupradores na penitenciária de Brasília, como perito antropológica e de gênero no histórico julgamento
da Guatemala em que se julgou e condenou pela primeira vez
membros do Exército pelos delitos de escravidão sexual e doméstica contra
mulheres maias da etnia g’egchi, e foi convocada a Ciudad Juárez, no
México, para expor sua interpretação em torno das centenas de feminicídios
perpetrados no local. Seu longo currículo é impressionante. Mais além de todo
preconceito escandalizador, Segato propôs um olhar profundo sobre
a violência letal sobre as mulheres,
entendendo os feminicídios como
uma problemática que transcende os gênero para se tornar em um sintoma, ou
melhor dizendo, em uma expressão de uma sociedade que necessita de uma
“pedagogia da crueldade” para destruir e anular a compaixão, a empatia, os
vínculos e o enraizamento local e comunitário. Ou seja, todos esses elementos
que se tornam em obstáculo em um capitalismo “de rapina”, que depende
dessa pedagogia da crueldade para instruir. É, nesse sentido, o exercício da
crueldade sobre o corpo das mulheres, porém que também se estende a crimes
homofóbicos ou transfóbicos, todas essas violências “não são outra coisa que o
disciplinamento que as forças patriarcais impõem a todos que moramos à margem
da política, de crimes do patriarcado colonial moderno de
alta intensidade, contra tudo o que desestabiliza”. Nesses corpos escreve-se a
mensagem doutrinadora que esse capitalismo patriarcal de alta intensidade
necessita impor à sociedade. Não é tarefa simples entrevistar Rita, que é
uma espécie de redemoinho, capaz de amarrar com extrema clareza e sutileza os
argumentos mais complexos. Se toma seu tempo para responder, analisa cada
pergunta, a esmiúça, aprofunda e dá uma virada sobre cada conceito. Tem seu
próprio ritmo e segui-lo pode ser um desafio.
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