terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Dezoito aproximações da “Paixão” - Casimiro de Brito

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Dezoito aproximações da “Paixão”

A paixão: a maior inimiga da razão.
A paixão, se dura, é uma obra-de-arte.
Até na pedra a paixão transparece.
Ela cega e depois queima e depois ilumina.
Golpe de graça e prova de fogo do amor.
Há quem se apaixone, antes de mais, pela paixão.
Na paixão mais feliz a vida aproxima-se da morte.
O mais úmido dos fogos.
Onde o desejo, a carne e a ficção se fundem e afundam.
Ondulação e lágrimas. Lágrimas marítimas.
Paixão ardente que, até aos ossos, me inflamou.
Poderá ela, a paixão, ser paciente?
Quando o sangue e o lume se encontram.
Só uma paixão pode curar outra paixão.
Tão apaixonados, a terra e o mar.
Transforma os loucos em sábios e os sábios em loucos.
Loba obscura, desesperada que já se transforma em luz.
Um lugar de onde não sei sair. 

Casimiro de Brito


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