"Nos nossos olhos..." - António Ramos Rosa
Nos nossos olhos há uma ingenuidade imediata
que é mais do que uma ponte para o dia
porque é o dia mesmo no seu espaço de luz,
na sua lenta fatalidade, na sua urgência solar.
Escrevo talvez para sorver uma laranja de sombra
que é uma encantação do tempo no espaço liso da casa.
Estou atento ao menor frêmito do silêncio
que talha na palavra as pálpebras do sossego.
Talvez eu escreva um verso como um talismã
ou pouse a minha palma sobre um ombro
de uma figura de água delicada,
vazia de sentido mas como uma estrela branca
ou uma harpa azul com seus flancos de ouro.
Se no silêncio a que o poema conduz
eu desenhasse o ouvido vegetal
da tranquila cobra de veludo e pólen
que dorme à beira de um regato verde
talvez pudesse atravessar o dia
com a lentidão fresca de um barco deslumbrado
abrindo o caminho na árvore azul do mar.
António Ramos Rosa
que é mais do que uma ponte para o dia
porque é o dia mesmo no seu espaço de luz,
na sua lenta fatalidade, na sua urgência solar.
Escrevo talvez para sorver uma laranja de sombra
que é uma encantação do tempo no espaço liso da casa.
Estou atento ao menor frêmito do silêncio
que talha na palavra as pálpebras do sossego.
Talvez eu escreva um verso como um talismã
ou pouse a minha palma sobre um ombro
de uma figura de água delicada,
vazia de sentido mas como uma estrela branca
ou uma harpa azul com seus flancos de ouro.
Se no silêncio a que o poema conduz
eu desenhasse o ouvido vegetal
da tranquila cobra de veludo e pólen
que dorme à beira de um regato verde
talvez pudesse atravessar o dia
com a lentidão fresca de um barco deslumbrado
abrindo o caminho na árvore azul do mar.
António Ramos Rosa
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