Questões de língua, multilinguismo e exílio
“O Senhor, porém, desceu, afim de ver a cidade e a torre que os homens estavam a edificar. E o Senhor disse: «Eles constituem apenas um povo e falam uma única língua. Se principiaram desta maneira, coisa nenhuma os impedirá, de futuro, de realizarem todos os seus projetos. Vamos, pois, descer e confundir de tal modo a linguagem deles que não consigam compreender-se uns aos outros».
E o Senhor dispersou-os dali por toda a superfície da Terra e suspenderam a construção da cidade. «Por isso, lhe foi dado o nome de Babel, visto ter sido lá que o Senhor confundiu a linguagem de todos os habitantes da Terra. E foi também dali que o Senhor os dispersou por toda a Terra.” Génesis 11,-9
E o Senhor dispersou-os dali por toda a superfície da Terra e suspenderam a construção da cidade. «Por isso, lhe foi dado o nome de Babel, visto ter sido lá que o Senhor confundiu a linguagem de todos os habitantes da Terra. E foi também dali que o Senhor os dispersou por toda a Terra.” Génesis 11,-9
Sem a intenção de fazer qualquer exegese bíblica, este fragmento do Livro do Génesis que trata o episódio da Torre de Babel permite olhar ainda hoje para os dilemas com que nos confrontamos relativamente às questões da língua e da linguagem enunciadas já no Antigo Testamento. Vejamos: no mito da torre de Babel o que está em causa são três aspectos. Comecemos pelos dois primeiros: a tentativa de todos os povos - no tempo em que todos falavam a mesma língua – de construir uma torre para chegar a Deus. Este terá visto este acto de expressão comunitária como uma tentativa de usurpação do seu poder, o que teve como consequência o segundo aspecto – serem todos os homens punidos com a amnésia da língua original e a dispersão pelos muitos territórios do mundo, cabendo a cada um utilizar uma língua diferente, de que resultaria uma enorme confusão na comunicação e no entendimento. Muitos dos dilemas de hoje – que passam pelo desaparecimento de línguas antigas e minoritárias, pelo imperativo da tradução de literaturas de autores oriundos de nações outrora colonizadas e pela hegemonia de uma língua, o inglês, como a língua da globalização – começaram na Idade Moderna com a expansão europeia e a colonização para a qual a conversão religiosa foi um pretexto eficaz de colonização do espírito e de extinção das línguas locais.
Para ler o texto completo de António Pinto Ribeiro clique aqui
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