Estudo rebate desaceleração do aquecimento global
Estudo rebate desaceleração do
aquecimento global
DA AFP
06/01/2017
Durante 15 anos, entre 1998 e 2014, uma aparente desaceleração do
aquecimento global foi usada pelos céticos como argumento para afirmar que o
fenômeno era "um engano". Contudo um estudo publicado nesta
quarta-feira (4) aponta que essa pausa foi uma ilusão.
O trabalho dos pesquisadores das Universidades de Berkeley, na
Califórnia, e de York, no Reino Unido, confirmam as conclusões de um estudo de
2015, elaborado pela Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (Noaa,
na sigla em inglês).
"Nossos resultados significam basicamente que a Noaa tinha
razão e que seus cientistas não alteraram os dados", aponta o pesquisador
Zeke Hausfather, de Berkeley, e principal autor do estudo publicado na revista
americana "Science Advances".
A análise feita em 2015 pelos cientistas da Noaa mostrou que as
temperaturas medidas pelas boias usadas hoje nos oceanos são ligeiramente mais
frias do que as registradas nas leituras feitas pelos navios no passado.
Essas diferenças de temperatura entre o velho e o novo sistema de
medição ocultaram a realidade do aquecimento global nesses 15 anos, concluíram
os pesquisadores.
Publicado em 2015, o trabalho da Noaa foi muito criticado pelos
chamados céticos do clima, alegando que essa "pausa" era uma prova de
que o aquecimento global era um "engano".
Um comitê da Câmara de Representantes, de maioria republicana,
chegou a pedir aos cientistas da Noaa acesso aos e-mails relacionados com esse
estudo.
A agência concordou em transmitir os dados e responder a todas as
perguntas científicas, mas se negou a entregar a correspondência eletrônica
entre os autores do estudo. A decisão contou com o apoio da comunidade
científica, preocupada com a inquisição política.
INICIALMENTE CÉTICOS
Em seu quinto informe, publicado em setembro de 2013, o Painel
Intergovernamental de Especialistas sobre a Mudança Climática (IPCC, na sigla
em inglês) apontou que, entre 1951 e 2012, a tendência média de aquecimento
global foi de 0,12°C por década. Já entre 1998 e 2012 foi de apenas 0,07°C por
década.
Agora, os cientistas corrigiram essa distorção, causada pelos
diferentes métodos para medir a temperatura dos oceanos: o aumento da
temperatura média da superfície dos mares se manteve constante em 0,12°C por
década nesse período.
O último estudo também se baseou em dados independentes
provenientes diretamente dos satélites e da rede Argos, um sistema mundial de
localização e de coleta de dados por satélites.
Todas essas medidas confirmam as descobertas da Noaa em 2015.
"Inicialmente, estávamos céticos quanto aos resultados da
Noaa, porque mostraram um aquecimento mais rápido nesse período do que o
indicado anteriormente por um estudo atualizado do Serviço Nacional Britânico
de Meteorologia (Met Office)", disse Kevin Cowtan, da Universidade de
York.
"Verificamos nós mesmos, usando diferentes métodos e dados, e
concluímos que a Noaa tinha razão, uma conclusão a que também chegou
recentemente a Agência Meteorológica do Japão, utilizando dados ainda mais
recentes", detalhou.
Historicamente, os marinheiros mediam a temperatura do oceano por
meio da coleta de água com um cubo, no qual se introduzia um termômetro.
Na década de 1950, os navios começaram a fazer a leitura das
temperaturas de forma automática nas tubulações que passam pela sala de
máquinas.
Hoje há boias de coleta de dados espalhadas por todos os oceanos.
FONTE: Aqui
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