JORNAL NACIONAL: O julgamento do mensalão e o Supremo Tribunal da Mentira
Porque somos desiguais, num mundo desigual, em diálogo com o
livro O desentendimento: política e filosofia (1996), do filósofo
francês Jacques Rancière (1940), parto do argumento de que existe política
quando o dissenso emerge entre desiguais, provocando-os a produzir a justiça da
igualdade de direito entre ambos, sem distinção econômica, de gênero, de classe,
epistemológica, étnica ou qualquer outra. Existe política, quando o embaraço de
uma pessoa que não tem ou não pode algo, inferiorizando-se por isso, embaralha a
organização jurídica (ou social, ou estética, ou tecnológica) que torna possível
uma pessoa qualquer ter e poder mais que outrem.
Existe, pois, política quando o dissenso é assumido
integralmente como o digno caminho da igualdade e da justiça. Quando, por outro
lado, o desentendimento é evitado, desvalorizado, reprimido, a política
decai e emerge a polícia. Enquanto, portanto, a política constitui o
poder do dissenso pelos desiguais; a polícia, pelo contrário, é o poder do
consenso produzido policialmente contra algo ou alguém considerado desigual,
logo inferior, bastardo, vil, pária. A polícia existe para, nesse
sentido, calar a política com o objetivo de evitar, através da força, o
surgimento do embaraçoso dissenso dos desiguais, quando se agitam em nome da
igualdade econômica, de gênero, étnica, estética, educacional – quando se
agitam, enfim, porque não concordam com a ordem policial que os torna desiguais,
inferiores.
Pra ler o texto completo de Luis Eustáquio Soares clique aqui
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