"A Garota", de Márta Mészáros
A saída da pequena cidade não marca o encerramento. Ainda temos pela frente algum tempo com a protagonista, a menina que se constrói com poucas palavras, que se deixa flagrar em detalhes, aos efeitos dos movimentos de câmera. Estão ali suas emoções, seus medos, seus vacilos, uma alma que julgamos atormentada a compor uma tela fria. Por algum tempo temos apenas indicações do que ela quer e aonde vai em "A Garota", de Márta Mészáros: o que poderia ser uma viagem ao encontro da mãe que nunca conheceu – fosse este um filme comum sobre descobrir as origens – torna-se o ensejo para o retorno, para a vida que precisa confrontar na cidade, para ser o que sempre foi. Para ler o texto de Rafael Amaral clique aqui
"I comme Iran": a gramática também é política
Dominar uma nova língua é adquirir um outro olhar sobre o mundo. Mais do que isso, duas línguas diferentes estabelecem distintos modos de pensar. As palavras e as expressões idiomáticas acarretam portanto uma ideologia, que se torna especialmente evidente no processo de aprendizagem de uma língua no contexto da imigração. O país que acolhe o estrangeiro ensina-lhe uma língua e com ela os seus costumes, a sua moral e a sua organização social e política. Aprender uma nova língua é, portanto, um trabalho de erro e correção que não se limita à ortografia, à gramática e à semântica, mas também a um trabalho sobre os erros e corretivos comportamentais. Para ler o texto de Ricardo Vieira Lisboa clique aqui
"Triângulo da tristeza"
No início de 2023 tomei conhecimento do termo “triângulo da tristeza” de modo peculiar. A partir do filme homônimo com roteiro e direção do sueco Ruben Östlund. O filme foi vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2022. A simples leitura de sua sinopse apenas lhe faz querer não o assistir: “o casal modelo de celebridades, Carl e Yaya, são convidados para um cruzeiro de luxo para os super-ricos. O que parecia digno de ser fotografado para as redes sociais termina catastroficamente, quando uma tempestade brutal atinge o navio deixando os sobreviventes presos em uma ilha deserta e lutando pela sobrevivência”. No entanto, o filme é dessas poucas obras cinematográficas que consegue capturar o espírito de uma época, a partir de uma composição estética singular. Para ler o texto de José Micaelson Lacerda Morais clique aqui
0 comentários:
Postar um comentário