domingo, 25 de setembro de 2022

"Subversiva" - Ferreira Gullar


 



Subversiva



A poesia


Quando chega


Não respeita nada.




Nem pai nem mãe.


Quando ela chega


De qualquer de seus abismos




Desconhece o Estado e a Sociedade Civil


Infringe o Código de Águas


Relincha




Como puta


Nova


Em frente ao Palácio da Alvorada.




E só depois


Reconsidera: beija


Nos olhos os que ganham mal


Embala no colo


Os que têm sede de felicidade


E de justiça.



E promete incendiar o país.



 

 

Ferreira Gullar


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