Navegando pelo cinema
Alain Bergala - Zoom
Desde que o zoom chegou como instrumento técnico, criou-se
uma história bastante complicada do zoom na crítica, sobretudo
na crítica do cinema. O zoom é uma invenção bastante recente
na tecnologia do cinema. Ele foi considerado imediatamente
como um recurso preguiçoso e para televisão porque os operadores-chefes ruins de televisão se posicionavam em um lugar e, ao
invés de mudar, de procurar a distância, eles faziam isso com o
zoom. Então, os cineastas que utilizavam o zoom não eram considerados cineastas ou eram cineastas ruins.
Depois grandes cineastas começaram a ter interesse em utilizar
o zoom. Primeiro, Rosselini, que até fabricou um zoom para si
mesmo. Enquanto o câmera olhava na câmera, ele ficava sentado e mexia o zoom, isto é, o câmera não sabia se Rosselini iria
se aproximar ou se afastar em relação ao que havia em frente.
Então era muito acrobático e difícil para o câmera e o focalista
seguir o que Rosselini fazia de modo totalmente improvisado e
intuitivo. Depois, Visconti, um grande cineasta italiano, também
começa utilizar o zoom. De repente, o zoom adquiriu seu título
de nobreza e se tornou algo que poderia ser utilizado por cineastas considerados como autores e como pessoas que tinham
uma estética.
Logo, o zoom nasceu inicialmente fora da estética do cinema
e depois, ele acabou entrando na estética do cinema. Um
exemplo muito bonito hoje é o aclamado cineasta coreano
Hong Sang-soo. Quando ele começou a fazer cinema afirmava que utilizar o zoom estaria fora de questão; que apenas os
cineastas ruins utilizavam o zoom. Porém, depois, em um filme que ele fez chamado Conto do Cinema, era necessário
que houvesse dois filmes, isto é, no início, víamos um filme e
percebíamos em vinte minutos que era um filme projetado na
tela e depois acompanhávamos o expectador. A verdadeira
história começava depois. Para fazer a diferença entre o filme
projetado e o filme de fato no filme projetado que ele mesmo
filmou, ele utilizou o zoom para dizer: vejam, é... Quando ele
viu esse filme, quando ele viu os rushes, ele teve muita vontade utilizar o zoom neste filme. E agora, em todos os filmes de
Hong Sang-soo, há zoom, mas é um zoom que ele mesmo inventou. Por exemplo, ele filma quatro pessoas em uma mesa
e ele utiliza um leve zoom, isto é, não é para capturar um
grande plano, é apenas um movimento assim de atenção.
Como se nos aproximássemos um pouco de um dos personagens de uma cena.
Então, com crianças, o zoom é muito perigoso. Utilizar o
zoom em contexto escolar. Porque senão, colocamos o pé em
qualquer lugar e depois dizemos: vamos ali com o zoom, vamos aproximar, recuar, isto é, o zoom é algo que não obriga
que se pense o quadro. O zoom não obriga a fazer escolhas para que se diga deste modo: eu quero que seja deste tamanho, logo, eu vou me colocar aqui, o que, evidentemente, em
pedagogia é absolutamente indispensável. Logo, na pedagogia, é preciso desconfiar muito do zoom.
Se desejar assistir à fala de Alain Bergala clique no vídeo aqui
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