quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Navegando pelo cinema




Alain Bergala - Zoom



Desde que o zoom chegou como instrumento técnico, criou-se uma história bastante complicada do zoom na crítica, sobretudo na crítica do cinema. O zoom é uma invenção bastante recente na tecnologia do cinema. Ele foi considerado imediatamente como um recurso preguiçoso e para televisão porque os operadores-chefes ruins de televisão se posicionavam em um lugar e, ao invés de mudar, de procurar a distância, eles faziam isso com o zoom. Então, os cineastas que utilizavam o zoom não eram considerados cineastas ou eram cineastas ruins. Depois grandes cineastas começaram a ter interesse em utilizar o zoom. Primeiro, Rosselini, que até fabricou um zoom para si mesmo. Enquanto o câmera olhava na câmera, ele ficava sentado e mexia o zoom, isto é, o câmera não sabia se Rosselini iria se aproximar ou se afastar em relação ao que havia em frente. Então era muito acrobático e difícil para o câmera e o focalista seguir o que Rosselini fazia de modo totalmente improvisado e intuitivo. Depois, Visconti, um grande cineasta italiano, também começa utilizar o zoom. De repente, o zoom adquiriu seu título de nobreza e se tornou algo que poderia ser utilizado por cineastas considerados como autores e como pessoas que tinham uma estética. Logo, o zoom nasceu inicialmente fora da estética do cinema e depois, ele acabou entrando na estética do cinema. Um exemplo muito bonito hoje é o aclamado cineasta coreano Hong Sang-soo. Quando ele começou a fazer cinema afirmava que utilizar o zoom estaria fora de questão; que apenas os cineastas ruins utilizavam o zoom. Porém, depois, em um filme que ele fez chamado Conto do Cinema, era necessário que houvesse dois filmes, isto é, no início, víamos um filme e percebíamos em vinte minutos que era um filme projetado na tela e depois acompanhávamos o expectador. A verdadeira história começava depois. Para fazer a diferença entre o filme projetado e o filme de fato no filme projetado que ele mesmo filmou, ele utilizou o zoom para dizer: vejam, é... Quando ele viu esse filme, quando ele viu os rushes, ele teve muita vontade utilizar o zoom neste filme. E agora, em todos os filmes de Hong Sang-soo, há zoom, mas é um zoom que ele mesmo inventou. Por exemplo, ele filma quatro pessoas em uma mesa e ele utiliza um leve zoom, isto é, não é para capturar um grande plano, é apenas um movimento assim de atenção. Como se nos aproximássemos um pouco de um dos personagens de uma cena. Então, com crianças, o zoom é muito perigoso. Utilizar o zoom em contexto escolar. Porque senão, colocamos o pé em qualquer lugar e depois dizemos: vamos ali com o zoom, vamos aproximar, recuar, isto é, o zoom é algo que não obriga que se pense o quadro. O zoom não obriga a fazer escolhas para que se diga deste modo: eu quero que seja deste tamanho, logo, eu vou me colocar aqui, o que, evidentemente, em pedagogia é absolutamente indispensável. Logo, na pedagogia, é preciso desconfiar muito do zoom.
Se desejar assistir à fala de Alain Bergala clique no vídeo aqui







O cineasta e crítico Peter Bogdanovich morre aos 82 anos




O diretor de títulos como 'Paper Moon' e 'The Last Movie', um eterno confidente de Orson Welles e membro da New Hollywood, morreu em sua casa em Los Angeles, conforme relatado por sua filha. Para ler o texto de Gregorio Belinchón clique aqui







"Pare de tocar seu rosto!": as mudanças na percepção dos espectadores do filme "Contágio" com a pandemia de COVID-19 




A pandemia de COVID-19 fez aumentar a procura pelo filme "Contágio", um longa-metragem ficcional de 2011, cujo enredo aborda a disseminação em escala global de um novo vírus de transmissão respiratória, e que causa uma doença com alta taxa de letalidade. Neste artigo, utilizamos métodos mistos (dados quantitativos e análise qualitativa) para analisar 4.801 comentários sobre o filme, postados em uma rede social sobre cinema. Comparamos as avaliações antes e depois de janeiro de 2020, quando o novo coronavírus foi considerado pela Organização Mundial da Saúde uma emergência de saúde pública de importância internacional. A análise das palavras e termos mais frequentes, assim como da proximidade entre eles, revelou como a pandemia alterou a percepção dos espectadores, que passaram a avaliar o filme mais pela sua verossimilhança da situação sanitária que pelos seus aspectos cinematográficos. Também buscamos na própria obra cenas e elementos fílmicos que pudessem ter mobilizado a atenção do público para determinados aspectos revelados nos comentários, como formas de transmissão, medidas de higiene, distanciamento social e promoção de medicamento sem eficácia comprovada. Nesse sentido, os resultados também mostram o potencial do cinema para a divulgação científica ao abordar conceitos, temas, processos e controvérsias da ciência e da saúde. Para ler o texto de Luisa Massarani, Luiz Felipe Fernandes Neves e Penélope Andreani Valadares clique aqui


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